A política ambiental do presidente Jair Messias Bolsonaro (Sem Partido) repercute diariamente no Brasil e no Distrito Federal não é diferente. Em entrevista ao programa CB.Poder — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília — nesta segunda-feira (26/4), o secretário de Meio Ambiente do DF, José Sarney Filho (PV), comentou sobre o discurso do presidente na cúpula do clima e as consequências práticas para a economia brasileira.
“O discurso foi muito bom, mas a prática não corresponde ao que foi dito. Todos nós desejamos que o governo mude, que siga aquilo lido no discurso do presidente, de voltar a cuidar do meio ambiente e preservar os biomas, ao invés de incentivar o desmatamento, como tem sido feito”, pontua. O secretário aponta, ainda, que, pela primeira vez na história do Brasil, temos um governo que adota medidas que vão contra a defesa do meio ambiente. “Como por exemplo, enfraquecendo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), dizendo que unidades de conservação e terras indígenas, que são importantíssimas no combate ao desmatamento, precisam ser fragilizadas”, cita.
Para Sarney Filho, os cortes no orçamento precisam ser revistos. “É uma decisão política do governo, e depois do discurso do presidente, acredito que ele tenha obrigação de reforçar esses recursos para a área ambiental. Não só recompor, como aumentar”, defende. Ex-ministro do Meio Ambiente, o atual secretário do DF lembra do tempo que atuou no governo federal. “Da última vez que fui ministro, o nosso orçamento era baixo para fiscalização, mas conseguimos orçamentos do fundo da amazônia, que hoje já não fornece mais porque o governo atual questionou a governança do faturamento”, explica.
Mudanças Climáticas
Durante a entrevista, também foi colocada em pauta as mudanças climáticas. No DF, o secretário diz que houve uma atualização do inventário de emissões de gases do efeito estufa. Segundo Sarney Filho, as maiores emissões são veiculares. “A partir dessa atualização, nós temos um diagnóstico. E a partir dele já estamos começando audiências públicas com o intuito de buscar soluções para diminuir essa taxa. A nossa intenção é que Brasília seja uma referência nessa área”, explica.
Para isso, a pasta tem trabalhado com novas alternativas. “Estamos em busca de energia eólica e solar, incentivando a mudança dos combustíveis fósseis nos nossos veículos, principalmente com os governamentais, nos veículos de transporte coletivos. E isso tudo vai fazer com que comecemos a diminuir nossas emissões. É um longo caminho a percorrer, mas os primeiros passos foram dados”, garante.
Além disso, o secretário afirmou que o governo do DF tem adotado outras medidas, entre elas a recuperação de nascentes e de áreas degradadas. “Isso tudo é em favor do clima. Na medida que plantamos, introduzimos agroflorestas para recuperar nascentes, começamos a absorver gases do efeito estufa, além de recuperar as nascentes”, pontua Saney Filho.