No último dia 22 de janeiro, lideranças indígenas Ka’apor sofreram perseguição de quatro carros com vidro fumê na cidade de Santa Luzia do Paruá, no Maranhão. Um desses carros carregava um adesivo do deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL-MA). A denúncia dessas lideranças é mais um episódio dos sucessivos ataques de madeireiros à comunidade indígena.
O fato ocorreu enquanto os líderes almoçavam em um restaurante. Os carros fizeram ronda no local durante trinta minutos, e um dos ocupantes do veículo adesivado com propaganda do deputado ameaçou às lideranças.
Esse é mais um episódio que demonstra o avanço da extrema-direita contra os povos oprimidos enquanto a esquerda recua numa política confusa e pouco eficaz.
O referido deputado é conhecido na região pela forte atuação madeireira e perseguição aos Ka’apor, sendo, inclusive, investigado pelo Ministério Público Federal e denunciado como líder da organização criminosa que controla a exploração de madeira nas terras Ka’apor.
Desse modo, o processo aberto pelo MPF de nada serviu para inibir as atividades madeireiras. Pelo contrário, quanto mais a esquerda aposta nas instituições burguesas para solucionar o problema, mais forte torna-se a extrema-direita. Se há pouco tempo Josimar Maranhãozinho nutria relações políticas com Flávio Dino, hoje ele se põe como um bolsonarista de primeira ordem.
Isso mostra claramente o equívoco da esquerda, que tem tocado uma política covarde em situações chave. Como dito, a esquerda não tem se preparado para um confronto real e direto com a extrema-direita, que tem financiamento burguês inclusive para se armar e atacar a esquerda e lideranças indígenas. Nesse sentido, os fascistas têm o caminho aberto para expandir sua atuação e perseguir lideranças de povos oprimidos, como acontece com comunidades indígenas e sem-terra no estado do Maranhão.
A política de Flávio Dino, como governador do estado, favorece essa ofensiva do latifúndio com enfrentamentos e derramamento de sangue na região. Se Bolsonaro atua no fortalecimento do latifúndio, Dino se omite na formação de defesas dos indígenas e propõe medidas com uso da polícia, que simplesmente atua como pistoleiros do latifúndio.
Diante desse cenário é preciso defender o direito à terra dos indígenas e dos trabalhadores sem-terra com a formação de comitês de autodefesa diante da violência do estado e do latifúndio. Recorrer ao MPF ou às Forças Armadas é um erro que levará a uma maior repressão dos povos indígenas.
Do Diário do Centro do Mundo