Por Daniel Biasetto — Rio de Janeiro
Os dois suspeitos presos pelo desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips confessaram nesta quarta-feira o assassinato das vítimas. Oseney da Costa Oliveira, o Dos Santos, foi o primeiro a admitir o crime. Depois, seu irmão, Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado, também assumiu os homicídios. Eles foram levados pela Polícia Federal para a área de buscas pelas vítimas, que não eram vistas desde o dia 5 de junho. Investigadores ligados ao caso confirmaram a informação ao GLOBO.
No último domingo, a PF confirmou que foram encontrados uma mochila e documentos pertencentes à dupla. Dois dias antes, policiais haviam encontrado “material orgânico aparentemente humano” na região.
O desaparecimento da dupla foi alertado pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) na segunda-feira. O Vale do Javari é a região com a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo.
Lavagem de dinheiro e pesca ilegal
A PF também investiga se um esquema de lavagem de dinheiro para o narcotráfico por meio da venda de peixes e animais pode estar relacionado ao desaparecimento da dupla. O GLOBO apurou que apreensões de peixes que seriam usados no esquema foram feitas recentemente por Pereira, que acompanhava indígenas da Equipe de Vigilância da União dos Povos Indígenas do Javari (Unijava). As embarcações levavam toneladas de pirarucus, peixe mais valioso no mercado local e exportado para vários países, e de tracajás, espécie de tartaruga considerada uma especiaria e oferecida em restaurante sofisticados dentro e fora do país.
A ação de Pereira contrariou o interesse do narcotraficante Rubens Villar Coelho, conhecido como “Colômbia”, que tem dupla nacionalidade brasileira e peruana. Ele usa a venda dos animais para lavar o dinheiro da droga produzida no Peru e na Colômbia, que fazem fronteira com a região do Vale do Javari, vendida a facções criminosas no Brasil. Há suspeita de que ele teria ordenado a Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, a colocar a “cabeça de Bruno a leilão”