A primeira Copa no Oriente Médio começa hoje com o jogo entre o anfitrião Catar e o Equador. Pouco se fala, porém, sobre a partida no país-sede do Mundial, dono de uma das maiores reservas de petróleo do mundo e da terceira maior de gás natural. Horas antes de a bola rolar, às 13h, o debate era centralizado nas críticas por acusações do Catar de violar direitos humanos e questionamentos dos torcedores a respeito da proibição de bebida alcoólica nos estádios.
A seleção brasileira chegou ontem ao Catar confiante para a luta pelo título. Estreia na quinta, contra a Sérvia.
Os torcedores estão empolgados nas ruas de Doha, capital do Catar, uma pequena nação situada às margens do Golfo Pérsico, mas a Fifa e o Comitê Supremo para Entrega e Legado lidam com críticas que antecedem o pontapé inicial.
Existem denúncias relacionadas à condição precária de trabalhadores imigrantes nas obras e acusações de que o país viola condições humanas e também cerceia direitos das mulheres e da população LGBT+.
O código penal do país muçulmano, que se tornou potência econômica a partir da descoberta do petróleo, em 1940, proíbe o casamento e relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, que podem ser punidas com até sete anos de prisão e também não tolera manifestações afetivas em público.
As cobranças fizeram Gianni Infantino, presidente da Fifa, contra-atacar. A fim de rebater os críticos, ele disse ontem se sentir catariano, árabe, africano, gay, deficiente e trabalhador imigrante e afirmou que não são justos os questionamentos. “O que está acontecendo agora é profundamente injusto”, rebateu o dirigente.
O presidente da Fifa garantiu que as condições dos trabalhadores, quase todos imigrantes, melhoraram desde o início das obras. “Quando cheguei em Doha, vim para ver os alojamentos dos trabalhadores e disse que as condições não eram boas e deveriam mudar, e, assim como a Suíça mudou, o Catar também melhorou”.
RECEPÇÃO
As críticas a respeito das condições sofríveis dos colaboradores que trabalharam nas obras dos oito estádios contrastam com as palavras de alguns desses operários, incluindo também voluntários. O queniano Francis é um deles. Ele deixou seu país há oito anos para tentar uma vida melhor no Catar e se aplicou para ser voluntário durante a realização do Mundial.
“Trabalhei na construção dos estádios e não tive problemas com isso”, relatou o queniano ao Estadão, um dos que ajudaram a erguer o Al Bayt, arena que será palco da abertura da Copa. “Eles (organizadores) têm sido gentis comigo”.
É possível notar, andando pelas ruas de Doha, instalações do Mundial e de outros lugares no Catar, que existe um esforço da nação para ser gentil e afável na recepção aos estrangeiros. A estimativa é de que mais de 1 milhão de turistas tenham viajado ao país para assistir às partidas da Copa.
No aeroporto, a entrada dos visitantes tem sido rápida. O processo é célere, uma vez que, na imigração, são poucas as perguntas. É checado o número do passaporte e do Hayya Card. Na saída do aeroporto, os funcionários das operadoras ligadas à organização do Mundial entregam um chip de celular gratuito por dois ou três dias. Depois disso, o turista tem de fazer uma recarga.
Um problema, no entanto, tem sido o funcionamento do Hayya Card, espécie de visto obrigatório para entrar no país. Há relatos de que o documento digital, que guarda os dados do visitante, seja ele torcedor, jornalista ou da organização, muitas vezes apresenta falhas e fica sob revisão.
TABELA DA COPA