BRASÍLIA – A Praça dos Três Poderes foi tomada pelo vandalismo. Bolsonaristas radicais invadiram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, na tarde deste domingo, 8, em um ato que pede intervenção das Forças Armadas e a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram os prédios públicos, depredando tudo por onde passaram. Os extremistas chegaram até o terceiro andar do Planalto, onde fica o gabinete do presidente da República.
A Força Nacional de Segurança foi acionada e, com reforço da Polícia Federal, começou operação para retirada dos invasores. A Polícia Militar mandou policiais em cavalos e um carro que lança jatos de água foi usado para retirar os radicais da Praça dos Três Poderes.
O primeiro prédio liberado foi o do STF. A Força Nacional usou gás de pimenta. Do alto, um helicóptero da PF também fazia disparos contra os vândalos.
Um contingente de policiais seguiu para o Planalto. Enquanto o carro que lança jato d´água afugentava quem ainda estava na frente do prédio, o grupo armado de agentes de segurança subiu a rampa para evacuar o prédio. Segundo relatos, a sede da presidência da República também foi desocupada.
Mais cedo, os poucos policiais que estavam na Praça dos Três Poderes chegaram a fazer disparos de gás de pimenta para tentar conter os radicais. A ação não conseguiu impedir que os três principais prédios da República fossem invadidos e ocupados.
Os envolvidos em atos de vandalismo ultrapassaram barreiras policiais, arrancaram alambrados e não se intimidaram com as bombas de gás que foi usada pelo patrulhamento que estava na área. A ocupação lembra a ocupação do Capitólio, nos Estados Unidos, quando um grupo descontente com a derrota de Donald Trump invadiu o Congresso norteamericano.
O Congresso foi o prédio alvo de ocupação. Os manifestantes que pregam a ruptura constitucional subiram a rampa e entraram pelo salão negro. Outra parte do grupo de invasores seguiu para o Supremo. Vídeos mostram o momento em que o plenário da Corte foi ocupado e começou a ser depredado. Arracaram cadeiras e até o brasão da República que fica no STF. A Força Nacional foi acionada para retirar os invasores e desocupar o prédio da Suprema Corte.
Os invasores pedem a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, intervenção das Forças Armadas e a volta de Bolsonaro ao poder, mesmo sem respaldo na Constituição. No momento da invasão, manifestantes derrubaram as grades do local de acesso ao prédio do Congresso Nacional. O plano dos vândalos é permanecer acampados nos prédios invadidos.
A polícia disparou gás de pimenta, mas mesmo assim pessoas que estavam na manifestação furaram o bloqueio de segurança. Os invasores reagiram às bombas de efeito moral usadas pelas forças policiais e conseguiram afastar as tropas. Depois de invadir o Congresso, os manifestantes se dirigiram à rampa do Palácio do Planalto e ao STF.
Do lado de fora do Congresso, os apoiadores de Bolsonaro aplaudiram a chegada da Polícia Militar. Transmissões ao vivo, em redes sociais como Instagram e Tik Tok, mostram os manifestantes chamando policiais de patriotas. Em grupos restritos, apoiadores de Bolsonaro falavam em invasão ao Congresso, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo, segundo eles, é tirar Lula e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, do poder com uma intervenção militar.
Em transmissões por redes sociais, os extremistas faziam questão de divulgar seus atos de vandalismo. Num dos vídeos, um grupo não sabia se tinha invadido o prédio do Legislativo ou do comando do Executivo. As imagens mostram que eles estavam no térreo do Palácio do Planalto.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou via assessora que está em Brasília e “acompanhando a situação, ao mesmo tempo que mantém diálogo com o Governo do Distrito Federal”. No sábado, 7, Dino autorizou o uso da Força Nacional para conter os atos e a Esplanada dos Ministérios foi fechada para veículos. Os manifestantes, porém, caminharam a pé do quartel general do Exército e foram até o Congresso Nacional, com faixas pedindo “Lula na cadeia”, “intervenção militar” e “Bolsonaro presidente”.
A convocação foi feita por grupos de apoiadores do ex-presidente. O discurso de pessoas que chamaram as manifestações nas redes sociais é esperar alguma ação das Forças Armadas contra o governo Lula, medida que contraria a Constituição, mesmo que não haja nenhum indício por parte dos militares de que isso vá ocorrer.
Antes da invasão, o ministro da Justiça tinha afirmado que esperava que a polícia não precise atuar e destacou que a “tomada de poder” só poderá ocorrer em 2026, com uma nova eleição presidencial. Houve apelo nos grupos de apoiadores de Bolsonaro para que as pessoas não se intimidassem e mantivessem a manifestação, que não tem hora nem data para terminar.
O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que conversou por telefone com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, após a invasão do Congresso e repudiou o ato. “O governador me informou que está concentrando os esforços de todo o aparato policial no sentido de controlar a situação”, escreveu Pacheco em nota. “Na ação, estão empenhadas as forças de segurança do Distrito Federal, além da Polícia Legislativa do Congresso. Repudio veementemente esses atos antidemocráticos, que devem sofrer o rigor da lei com urgência.”