O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) decidiu indicar o servidor de carreira César Aldrighi para presidir o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) tinha manifestado insatisfação com o governo federal por causa da demora para a nomeação.
Aldrighi já ocupava o cargo de forma interina. O novo presidente é agrônomo e servidor de carreira do órgão há 16 anos. Rose Rodrigues, ex-secretária de Agricultura de Sergipe, será a diretora de desenvolvimento, Gustavo Souto de Noronha, diretor de gestão estratégica, João Pedro Gonçalves da Costa, diretor de governança fundiária, e Maria Rita Reis, procuradora federal especializada.
O MST cobrava a troca do comando geral do Incra para facilitar a demissão de superintendentes regionais que estavam no cargo na gestão de Jair Bolsonaro, como Wilson Cesar de Lira Santos, chefe do órgão em Alagoas e primo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)
O movimento chegou a indicar para o comando do Incra o ex-procurador geral do governo do Paraná Carlos Frederico Marés. Ele, porém, foi vetado porque o governo queria um nome do Nordeste e, de preferência, uma mulher à frente do órgão.
Em seguida, petistas passaram a propagar que o Incra ficaria sob o comando de Rose, agora nomeada para a diretoria de desenvolvimento. Rose tem relação com o MST, mas sem vínculo formal com o movimento. Dias depois, o deputado Airton Faleiro (PA), coordenador do núcleo agrário da bancada do PT na Câmara, foi às redes sociais dizer que a indicação para a presidência do Incra não estava definida.
Entre os petistas, o suposto recuo na indicação de Rose para presidir o Incra é atribuído a um veto do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo. O titular da pasta responsável pela relação do governo com os movimentos sociais também é de Sergipe, mas faz parte de uma corrente política no partido rival à de Rose. Macedo nega ter atuado para barrar a nomeação.
A nomeação de Aldrighi seria um caminho para esfriar a disputa interna pelo posto. Ao indicá-lo, o governo abandona a ideia de ter um representante do Nordeste e uma mulher à frente do Incra.
Como funcionário de carreira, Aldrighi manteve boa relação com o MST, segundo um integrante do movimento. A sua nomeação, porém, não é vista com grande entusiasmo.