Na primeira oportunidade que teve para se comunicar com a família, a menina de 12 anos, levada de Sepetiba para o Maranhão, fez um apelo direto à irmã mais velha: “Eu só quero voltar”, escreveu num aplicativo de mensagens, conforme revelou ontem o Fantástico, da Rede Globo.
Na sequência, a irmã responde: “Eu vou te buscar assim que você mandar a localização”. O problema é que a menina só sabe a cidade onde está, e diz: “Eu tô no Maranhão, de São Luís”. A partir desse momento a irmã entra em contato com os policiais que passam a orientá-la na formulação de perguntas.
A conversa segue, e a irmã pergunta se tem praia perto de onde ela está, e a resposta é positiva. Na sequência ela pergunta se há alguma loja por perto, algum restaurante que a menor saiba dizer o nome. A estratégia não dá certo. A menina responde apenas: “Eu não conheço aqui, eu cheguei de noite aqui”.
Duas informações passadas à irmã, no entanto, foram fundamentais para o desfecho do caso: a menina disse que estava numa quitinete e que tinha ido a pé com o açougueiro Eduardo da Silva Noronha, de 25 anos — que a levou do Rio, num carro de aplicativo, até São Luís — a uma loja para comprar roupas, já que ela havia viajado apenas com o uniforme escolar e a mochila.
A polícia conseguiu identificar a localização do sinal do wi-fi da loja onde um dos celulares que estavam com eles se conectou. Os policiais maranhenses foram até o local, mas não conseguiram identificar a loja. Paralelamente começou uma busca por quitinetes no perímetro mais próximo ao suposto endereço da loja de roupas.
Em pesquisa na internet foi localizada uma foto da loja na qual era possível ver o reflexo de um hortifrúti na vitrine. Uma nova investida policial foi feita e o mercado foi localizado. Com isso, o cerco se fechou e as buscas se concentraram num perímetro mais específico até encontrar o cativeiro e libertar a menina na última terça-feira.
Era para casar, diz homem
O Fantástico informou ainda que Eduardo não soube que a menina conseguiu fazer contato com a família. Em depoimento aos policiais, ele disse que tinha a intenção de se casar com a garota quando ela completasse 18 anos. Ele afirmou que foi buscar a menina no Rio a pedido dela.
Eduardo foi preso em São Luís, mas após audiência de custódia a Justiça maranhense optou por liberá-lo, na quinta-feira, mediante monitoramento com tornozeleira eletrônica. Em depoimento à polícia ele disse que estava arrependido de levar e manter a garota em cativeiro por pouco mais de uma semana. Ele deve responder por pelo menos três crimes: subtração de menores, no Rio; e estupro de vulnerável (por ter beijado a menor) e cárcere privado, ambos no Maranhão.