O ministro da Justiça, Flávio Dino, pediu esclarecimentos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobre a abordagem de agentes da corporação que terminou com uma criança de três anos baleada, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, na noite da última quinta-feira (7).
Em uma postagem em uma de suas redes sociais, o ministro classificou a ocorrência como uma “tragédia”. Flávio Dino disse ainda que a PRF terá que acelerar a “revisão da doutrina policial e manuais de procedimentos”.
“Sobre a tragédia com uma criança de 3 anos no Rio de Janeiro, já solicitei esclarecimentos e providências aos órgãos de direção da PRF naquele Estado. Estou aguardando a resposta, que será comunicada imediatamente”.
“Mandei acelerar a revisão da doutrina policial e manuais de procedimento na PRF, como já havia determinado quando da demissão dos policiais do caso Genivaldo, em Sergipe. Outras medidas serão informadas em breve”, escreveu Flávio Dino.
Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, foi baleada quando passava pelo Arco Metropolitano, em Seropédica, na Baixada Fluminense. Ela foi socorrida para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde passou por uma cirurgia. Segundo a unidade de saúde, a criança está internada no CTI e seu estado é grave.
A criança estava no carro com os pais, a irmã de 8 anos, e a tia, quando disparos foram efetuados contra o veículo. Os parentes dizem que os tiros partiram de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo o pai, William Silva, que dirigia o veículo, ele passou pelo posto da PRF e não foi abordado em nenhum momento, mas percebeu que uma viatura da polícia passou a segui-lo e ficou muito próximo ao seu carro.
“A Polícia Rodoviária Federal estava parada ali no momento em que a gente passou. A gente passou e eles vieram atrás. Aí eu falei: bom, tudo bem, eles não sinalizaram para parar. E aí, como eles estavam muito perto, eu dei seta e, neste momento, quando meu carro já estava quase parado, eles começaram a efetuar os disparos”, explicou William Silva, pai de Heloísa.
Ainda segundo William, a reação dele foi sair o mais rápido possível do carro para os policiais verem que se tratava de uma família. “Eu coloquei a mão para o alto, saiu todo mundo, só a minha menorzinha que ficou dentro do carro. Aí foi a hora que eu entrei em choque, em desespero”, lamentou.
Em nota, a PRF informou que os policiais envolvidos foram afastados de suas funções de forma preventiva até que o caso seja apurado pela corregedoria da corporação. (Leia a nota completa no fim da reportagem).O carro dirigido por William era roubado. O motorista e pai da criança disse que comprou o veículo recentemente e que não sabia que estava em situação irregular.
Tiro acertou coluna e cabeça
A família de Heloísa informou que um dos tiros acertou a coluna e a cabeça da criança. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, ela chegou à unidade com baixo nível de consciência, foi sedada e entubada. Após a realização de exames de imagem, ela passou por uma cirurgia de risco na madrugada desta sexta-feira (8).
“Não tem previsão de alta. Ela está desacordada e vai ficar pelas próximas 48 horas”, disse William, ressaltando que dirigia na velocidade adequada para o Arco Metropolitano quando os disparos foram efetuados.
A família mora em Petrópolis e foi passar o feriado em Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, com os parentes. Eles estavam voltando para casa quando o carro foi alvo do ataque.
O que diz a PRF
Em nota, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que a corregedoria da corporação vai apurar as circunstâncias da ocorrência no Arco Metropolitano, por volta das 21h de quinta-feira. A força de segurança disse que “solidariza-se com os familiares da vítima”.
“As circunstâncias estão em apuração pela Corregedoria da PRF. A instituição colabora com as investigações da polícia judiciária para o esclarecimento dos fatos. Os policiais envolvidos foram preventivamente afastados das funções operacionais, inclusive para atendimento e avaliação psicológica”, dizia a nota.
“A PRF expressa seu mais profundo pesar e solidariza-se com os familiares da vítima, assim como está em contato para prestar apoio institucional”.