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Pioneira do feminismo no Brasil, a paraibana Almerinda Gama ganha biografia à altura e Cibele Tenório

Ganhador do prêmio da editora Todavia de Não Ficção do ano passado, o livro finalmente publicado este mês conta a trajetória da datilógrafa alagoana.

jornalslz Por jornalslz
28/06/2025
Pioneira do feminismo no Brasil, a paraibana Almerinda Gama ganha biografia à altura e Cibele Tenório

07/1933 - Almerinda Farias Gama e outros na eleição de representantes classistas para a Assembléia Nacional Constituinte de 1934. - CPDOC/FGV/CPDOC/FGV

O grande mérito da ascensão das pautas identitárias no Brasil é o de trazer à tona biografias esquecidas, mostrando lacunas de nossa história. É o que faz com louvor Cibele Tenório em seu livro de estreia, “Almerinda Gama: a sufragista negra”. Sem apagar as ambiguidades da personagem, a autora resgata a trajetória de uma mulher diante das contradições de seu tempo, iluminando nosso passado.

Ganhador do prêmio da editora Todavia de Não Ficção do ano passado, o livro finalmente publicado este mês conta a trajetória de Almerinda Gama, uma datilógrafa alagoana que migrou para o Rio de Janeiro e se engajou na luta sindical e pelo direito ao voto feminino nos anos 1920 e 1930. A alagoana foi íntima de Bertha Lutz, pioneira da luta feminista no Brasil.

Através da biografia de Almerinda, conhecemos outros feminismos. Diferente de Bertha Lutz, branca e das elites, Almerinda era mestiça, migrante e nordestina. Apesar de nunca ter rompido formalmente com Bertha, as disputas internas no movimento feminista são mostradas de forma clara, especialmente quando Almerinda não consegue se eleger para cargo na nova república varguista.

Através da biografia de Almerinda tomamos contato com as leis machistas da República Velha. Você sabia que naquele tempo uma viúva perdia a guarda dos filhos caso casasse de novo? E descobrimos que as mulheres não eram formalmente proibidas de votar, mas como a Constituição falava em “cidadão” no masculino, era praxe os juízes não concederem direito de voto às mulheres.

Com tom acessível e elegante, Cibele Tenório nos apresenta uma biografia rica em contradições, fugindo dos estereótipos militantes. Quando se conta a vida real de pessoas concretas, há algo ali que sempre escapa aos discursos militantes, que buscam ídolos sem ambiguidades e paroxismos.

Almerinda Gama foi uma das primeiras eleitoras do Brasil e sua bonita foto colocando a cédula na urna em 1933 é sempre lembrada na louvável história do feminismo brasileiro. Mas foi necessário uma biografia cuidadosa para dar conta das múltiplas identidades de Almerinda Gama.

Um dos principais paradoxos de Almerinda Gama era a simpatia que ela nutriu por Getúlio Vargas. Assim como boa parte dos progressistas brasileiros até hoje, ela fazia vista grossa para o fato de que o mesmo Vargas que autorizou o voto feminino também cerceou a democracia durante o Estado Novo.

Almerinda Gama colocando o voto na urna em 1933 – Divulgação

A mestiça Almerinda defendia nos anos 30 a ideia de democracia racial. Aos olhos dos militantes negros de hoje talvez ela não passasse da porta do movimento, tamanho o radicalismo atual.

Mais difícil de entender é o fato de Almerinda ter votado em Collor. Tendo vivido quase cem anos, Almerinda foi entrevistada pela mídia em 1989, quando do retorno da eleição democrática para presidente. PDTista, a nonagenária Almerinda divergiu de Brizola e votou com o coração de alagoana.

Nascida em 1899, Almerinda era oriunda de uma família de relativa posse, apesar da origem mestiça. A análise de Cibele Tenório ganharia se investigasse com mais detalhes a ascensão de famílias mestiças entre o final do Império e o início da República. Trata-se de tema do clássico “Sobrados e Mucambos”, do hoje renegado Gilberto Freyre. A crítica identitária prefere atacar “Casa-Grande & Senzala” a aprofundar a análise defendida pelo sociólogo pernambucano em seu melhor e esquecido livro.

A biografia de Almerinda ilustra essas brechas interessantes da sociedade brasileira. O livro de Cibele Tenório ilumina uma vida em suas contradições e ambiguidades, sem concessão a mitologização, mostrando-nos uma heroína da vida real. Vale muito a leitura.
Tags: #alagoas#almerindagama#cibéliatenório#feminismo#historia#livro

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