É cada vez maior a participação da região Nordeste no agronegócio brasileiro, um dos principais vetores da economia do país.
Com uma produção relevante de grãos como soja e milho, que lideram a pauta de exportação, a região se destaca pelo manejo sustentável e socialmente responsável da floricultura, produção de mel e fruticultura, particularmente a citricultura _ laranja, limão, lima e tangerina.
Também é destaque o crescimento das destilarias de álcool a partir do milho no Maranhão e do desenvolvimento da suinocultura e avicultura integradas à cadeia agroindustrial.
Agora, a região assume também o protagonismo da transição energética e do agronegócio sustentável do país, impulsionada por iniciativas do Banco do Nordeste (BNB).
O BNB liderou nacionalmente os investimentos em energias renováveis nos últimos anos, sendo responsável por financiamentos da ordem de R$ 32 bilhões em usinas eólica e solar fotovoltaicas apenas nos últimos cinco anos.
O Banco do Nordeste é também o principal financiador de investimentos de longo prazo na região, respondendo por mais de 50% das contratações.
Desde 2023, o banco já destinou R$ 2 bilhões para o segmento, sendo R$ 1,37 bilhão apenas no ano passado _ três vezes mais do que os R$ 368,5 milhões de 2022, último ano da gestão anterior.
Diante do cenário de crise climática, o Banco do Nordeste financia apenas projetos que estejam em conformidade com as normas ambientais e que possuam todas as licenças e certificações exigidas. Também oferece linhas específicas para tratamento de água, esgoto e resíduos sólidos da região.
“O impacto climático da emissão de carbono já é uma realidade em todo o planeta, e no Brasil não é diferente. No Nordeste, vivenciamos isso principalmente por meio de secas prolongadas e enchentes. A região semiárida, que representa cerca de 60% do território nordestino, convive com essas secas há décadas. Por isso, o povo nordestino aprendeu a respeitar o meio ambiente e a buscar formas de convivência sustentável”, afirma Paulo Câmara, presidente do Banco do Nordeste.
Para o agronegócio sustentável, o banco oferece linhas de crédito que vão desde a irrigação até aquisição de máquinas, equipamentos agrícolas e autogeração de energia solar. A maior parte dos recursos têm origem no FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste) Verde, linha de crédito voltada à sustentabilidade com o orçamento previsto em 2025 de cerca de R$ 7,8 bilhões. O programa FNE Verde do BNB atende a clientes de todos os portes nas áreas urbanas e rurais, além do setor de infraestrutura.
Energia limpa
Com alta incidência de sol e ventos constantes, o Nordeste tem uma vocação natural para a geração de energia eólica e solar fotovoltaica. Segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), os nove estados da região concentram 83% da capacidade instalada nacional nessas duas fontes de energia.
“Percebemos essa oportunidade e nos preparamos para oferecer crédito de longo prazo, especialmente com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Hoje, exportamos 50% da energia que produzimos para o restante do país”, diz Câmara. “Acreditamos que o Nordeste pode ser protagonista da transição verde e justa, assim como o Sudeste foi da industrialização”, completa.
Apenas entre 2023 e 2024, o Banco do Nordeste concedeu R$ 12,1 bilhões em financiamentos para projetos de energias renováveis. Cerca de 57% desses recursos foram destinados para plantas de usinas fotovoltaicas e 30% para eólicas.
Segundo o Banco do Nordeste, o restante dos recursos foram aplicados na chamada geração distribuída de energia solar fotovoltaica, especialmente para o consumo residencial. As contratações de crédito pelo programa FNE Sol Pessoa Física somavam em média R$ 124 milhões por ano entre 2019 e 2022, atendendo 3.840 residências. Já em 2023 e 2024, a média anual subiu para R$ 155 milhões _alta de 31%_, passando a atender 5.500 contratos por ano.
Câmara destaca ainda iniciativas voltadas para produção do hidrogênio verde, combustível produzido por meio da eletrólise da água, usando eletricidade gerada por fontes renováveis como solar e eólica, tornando o processo limpo e livre de emissões de carbono. “Existem várias iniciativas em andamento, com protocolos e cartas de intenção para investimentos na produção de hidrogênio verde voltado à exportação. Estados como Ceará, Pernambuco, Piauí e Bahia estão bastante adiantados nesse processo. É um cenário promissor”, diz.
Projetos estruturantes
Para Câmara, o Brasil tem uma matriz energética diferenciada, mas ainda não conseguiu transformar esse potencial em uma vantagem competitiva de abrangência internacional. Ele defende iniciativas para rentabilizar a transição verde, criando incentivos econômicos e financeiros para decisões de investimento.
“Precisamos acelerar o uso de instrumentos como o mercado de crédito de carbono, para que os agentes mais poluentes possam compensar suas emissões”, diz. “A transição energética tem custos, e quem investe precisa ser recompensado com ganhos de competitividade”, completa.
Com o BNDES, Finep, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, o BNB lançou recentemente um edital de R$ 10 bilhões para projetos estruturantes no Nordeste, dentro do programa Nova Indústria Brasil de política industrial. O objetivo é impulsionar o desenvolvimento regional, atraindo investimentos para setores como indústria sustentável, data centers e outros negócios que gerem emprego e renda.
“O BNB trabalha estruturando cadeias produtivas em setores estratégicos. Essa é uma marca do BNB: desenvolver novos mercados com grande potencial de demanda por crédito. Aprendemos que não basta oferecer crédito. É preciso estruturar as cadeias produtivas e buscar mercados relevantes”, afirma Câmara.