Agilidade, concentração e criatividade são algumas das habilidades necessárias para fazer um rap. E, segundo a atriz e cantora Gabz, a Jaqueline da nova temporada de “Malhação”, que estreou na terça-feira (16), são competências também indispensáveis para quem se joga nas artes cênicas.
— No exterior, é muito comum que rappers sejam atores. São universos bem próximos. Nas batalhas de slam (poesia falada), onde comecei minha carreira, ganhei muitas vezes por conta da interpretação, porque a música envolve, sim, muita atuação. Por estar nos dois mundos, eu brinco que me sinto como o Ice Cube ou o Will Smith (risos) — diz ela, citando dois rappers americanos que também são atores de sucesso.
— Como eu, ela é muito brava e não deixa nada passar batido — conta a também dura na queda Gabz, que, antes da nova “Malhação”, esteve em “Ciranda de pedra” (2008) e “Viver a vida” (2010).
Ainda a exemplo de sua intérprete, Jaqueline é militante nas causas das minorias. E começa a brigar a favor dos jovens da periferia depois de presenciar um sequestro:
— Interpretar uma garota engajada me deixa muito satisfeita, afinal, precisamos desses exemplos na mídia. Ainda mais agora, que vivem dizendo que o jovem só quer saber de internet e não briga por nada. Não é assim, não!
Gabz, de 20 anos, é nascida e criada em Irajá, bairro da Zona Norte do Rio, mas estudou a vida toda em Duque de Caxias, na Baixada, região fluminense em que é ambientada parte da nova temporada de “Malhação”. Para a artista, esse é outro motivo de orgulho.
— Quando contei para os meus amigos de Queimados que a protagonista da história (Rita, vivida por Alanis Guillen) é de lá, eles não acreditaram. Ficaram repetindo: “Como assim nossa cidade está na televisão?!”. E isso me fez refletir sobre como, às vezes, algumas pessoas ainda não entendem a importância de mostrar esses lugares, da inclusão — afirma Gaz, que, ainda sobre representatividade, afirma: — Quem é negro sabe que, por causa da cor da pele, será tratado de forma diferente por toda a vida. Pode nem ser de maneira violenta. Mas o racismo estará lá sempre. E, enquanto não mudarmos nosso modo de pensar, essa estrutura vai continuar.
Por isso, a jovem valoriza outros enredos nos quais estará envolvida em “Malhação”:
— Minha personagem enfrenta questões barras-pesadas, mas também faz novas amizades, vive um amor. É relevante retratar uma menina negra nessas situações corriqueiras para inspirar garotas que se parecem comigo, sabe? Eu quero que, assim como Jaqueline, elas se sintam maravilhosas.
Show no Rock in Rio
Confirmada como uma das atrações do Espaço Favela do Rock in Rio, Gabz vai precisar se virar nos trinta para conciliar as gravações de “Malhação: Toda forma de amar” com o festival, que acontece entre setembro e outubro:
— Reduzi minha agenda de shows por causa da novela, mas do Rock in Rio não abri mão, porque, afinal, é o Rock in Rio (risos)! Eu me apresento no mesmo dia que Drake e Cardi B (dia 27 de setembro), e estou muito ansiosa. Sou muito fã dela!
— Quero trazer a alma da comunidade para o meu show. No momento, estou negociando com os bailarinos de passinho da Maré para eles subirem no palco comigo. Quero que o público do Rock in Rio veja e sinta que a cultura da favela é linda e maravilhosa — adianta.
Embora “Malhação” seja a prioridade, Gabz prepara outras surpresas. Entre elas, o clipe da música “Nada vai nos parar”, em parceria com Baco Exu do Blues.
— E ainda estou gravando um álbum — conta ela.