O samba do Rio de Janeiro, o tambor de crioula do Maranhão, o samba de roda do recôncavo baiano e o frevo pernambucano. Todas essas formas de expressão artísticas estão inscritas como patrimônio imaterial brasileiro, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O tradicional forró cearense está no caminho para alcançar esse patamar.
Para isso, será realizada uma pesquisa pela Associação Respeita Januário, de Recife, em cooperação com o Iphan, que investigará a complexidade desse bem imaterial para a cultura brasileira. Esta é uma das etapas necessárias de avaliação do forró como parte integrante do patrimônio cultural brasileiro.
Como fase inicial, o Seminário Forró e Patrimônio Cultural ocorre até sexta-feira (10) em Recife (PE). A iniciativa conta com a participação de forrozeiros, artistas, músicos, artesãos e dançarinos, além de gestores públicos e culturais, produtores e pesquisadores de todo o Nordeste e de estados com forte presença nordestina.
Hermano Queiroz, diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI/Iphan), organizador do seminário, quer propiciar aos participantes trocas de experiências para o reconhecimento e a continuidade dessa forma de expressão. Segundo o responsável, o evento é de “extrema importância para o forró”, especialmente por falar de maneira tão profunda da cultura nordestina e que vem se renovando no tempo. Para ele, a intenção é fazer o forró continuar se mantendo como força viva da disseminação desta cultura pelo Brasil e pelo mundo.
Após o encontro da segunda semana de maio, a pesquisa prosseguirá até meados de 2020 e resultará no dossiê de Registro a ser analisado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que decidirá se o bem receberá reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil.
O que é preciso para o registro?
Com fundação em 1937, o Iphan é uma autarquia federal responsável por proteger e promover os bens culturais do País. Para aprovação como patrimônio por este instituto, é necessário possuir relevância para a memória nacional, continuidade histórica e fazer parte das referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira.
Contraponto
De acordo com Oswald Barroso, pesquisador do Laboratório de Estudos e Pesquisa em História e Culturas da Universidade Estadual do Ceará (Uece), a nomeação do forró como patrimônio cultural imaterial é “mal fundamentada”. Barroso destaca que o forró não é um ritmo musical, mas uma festa popular. Para o professor, ritmo mesmo é baião, coco, xaxado, maracatu e xote. Sobre o evento promovido pelo Iphan, Oswald diz que não considera importante e defende que isso abrirá margem para o “forró moderno” ganhar espaço e visibilidade.