Depois de interpretar Ticiana, irmã de Amadeu (Marcos Palmeira) na primeira fase de A Dona do Pedaço, nova novela das 9 da Globo, a atriz Áurea Maranhão já está de volta ao batente. Veterana dos palcos, ela fará uma apresentação única do show Radiola em Transe, no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, nesta quinta-feira (13), ao lado da banda Criolina. No espetáculo, Áurea se apresenta com uma performance de dança, poesia e backing vocal. Áurea e a banda já fizeram algumas apresentações do show em São Luís (MA). A atriz é MC Performer em um festival que eles promovem no Estado, chamado BR135.
Em entrevista recente para a QUEM, Áurea contou que sonhava em fazer TV. Ela nasceu em Manaus e seu mudou para São Luís ainda criança. Criada no Maranhão, incorporou o estado ao sobrenome. Filha da cozinheira Eliane, de 50, e o autônomo João, de 67, ela tem quatro irmãos e, desde pequena queria ser atriz. “Eu tenho um primo que é músico e admirava demais esse universo artístico. Além disso, nas festinhas de aniversário em São Luís, sempre tinha um palco, e minha sempre virava e falava ‘Áurea, minha filha, desde desse palco e deixa as outras crianças subirem”, lembrou.
Os pais incentivavam a menina, que pensou até em fazer jornalismo como uma forma de chegar à televisão. “Eles sempre me estimularam, mas na época do vestibular teve esse momento de perguntar porque eu não fazia outra carreira. Era uma questão minha também, porque aqui em São Luís eu nunca tinha visto alguém vivendo de teatro”, explicou Áurea, que aos 17 anos, entrou para um grupo de teatro universitário e nunca mais parou com os palcos, conseguindo se sustentar com o que ganhava. Dois anos depois, um amigo que ia tentar entrar na EAD, a famosa Escola de Arte Dramática da USP, convidou Áurea para tentarem o exame de admissão juntos. Ela passou, ele não.
“Eu estava juntando dinheiro há dois anos para comprar um carro ou uma moto e viajar pelo interior com meus espetáculos. Era um sonho meu”, disse Áurea, que acabou se mudando para São Paulo aos 19 anos, em 2007, com R$ 3 mil no bolso. Ela teve ajuda de amigos, que facilitaram sua vida na medida do possível, e foi morar no dormitório da USP.
“Eu passei alguns perrengues. Fui me virando para conseguir ter um dinheiro para comprar meus livros e poder ir ao teatro. Passeava com cachorro, trabalhei em bar, fiz muita faxina em casa de amigos que me deram roupa de cama, vendi chocolate, fiz bolsa de crochê e bolo, tudo que você puder imaginar”, lembrou a atriz, que recebeu bolsas de alimentação e moradia da faculdade.. “Sou muito grata ao ensino brasileiro. Eu nunca imaginei que iria sair do Maranhão e chegar à USP, a melhor universidade da América Latina”, confessou.
A experiência deu à atriz uma visão contundente sobre os cortes planejados pelo governo federal para o ensino superior. “É o sucateamento da nossa educação. Esses cortes interferem na formação de profissionais de todas as áreas, na qualidade dos professores”, avalia. “Eu venho de uma família muito humilde, meus pais nunca puderam me ajuda com a compra de um livro. E, nesse sentido, a universidade me deu estrutura para eu ser a melhor atriz que poderia ser”, afirmou.