Por Mauro Ferreira
Ao diferenciar os dois volumes do álbum autoral O amor no caos, Zeca Baleiro caracterizou o segundo como o mais introspectivo.
De fato, é em clima mais reflexivo e interiorizado que o artista maranhense rima melancolia com poesia ao longo das nove inéditas músicas autorais de O amor no caos volume 2, disco que expõe na capa a tela Retrato de família (1980), da pintora Maria Luisa Serra Castro, conterrânea do artista.
Baleiro enfrenta a dor com resiliência e com a delicadeza que pauta a arquitetura de canções como Sete vidas, faixa em que Adriano Magoo salpica notas ao piano. “Chovia no canavial / Na noite que eu quis partir / Tristeza no meu Carnaval”, anuncia o cantor e compositor nos versos iniciais de Chovia no canavial, música que abre o disco com o toque ruralista do acordeom do mesmo Magoo.
Chovia no canavial sobressai na safra autoral do volume 2 – (bem) mais coesa do que a do primeiro volume, editado em maio – entre composições aliciantes como a enevoada Canção na chuva, valorizada pela adesão vocal de Diana Pequeno, cantora de belo timbre grave.
Reforçando o time inteiramente feminino de intérpretes convidados para participar de O Amor no caos volume 2, álbum editado em CD pelo selo Saravá Discos, Tatiana Parra se afina com Baleiro nos uníssonos da canção em inglês Riverside road, evocativa da obra de trovadores da América do Norte.
Embora a gravação da inspirada canção Eu chamo de coragem (Zeca Baleiro e Marcos Magah) esboce espessa atmosfera roqueira ao fim da faixa, o álbum O amor no caos volume 2 transcorre geralmente em trilhos suaves, em apropriados tons menores.
“Eu quero crer que o tempo é justo / Que a dor não nos matará”, vislumbra Baleiro em Canção do mundo imperfeito com facho de esperança que também reluz no despertar de Quando cheiro flores, música cantada pelo poeta triste com Jade Beraldo em arranjo climático que abarca o sopro cool do trompete de Sidmar Vieira.
Ao diferenciar os dois volumes do álbum autoral O amor no caos, Zeca Baleiro caracterizou o segundo como o mais introspectivo.
De fato, é em clima mais reflexivo e interiorizado que o artista maranhense rima melancolia com poesia ao longo das nove inéditas músicas autorais de O amor no caos volume 2, disco que expõe na capa a tela Retrato de família (1980), da pintora Maria Luisa Serra Castro, conterrânea do artista.
Baleiro enfrenta a dor com resiliência e com a delicadeza que pauta a arquitetura de canções como Sete vidas, faixa em que Adriano Magoo salpica notas ao piano. “Chovia no canavial / Na noite que eu quis partir / Tristeza no meu Carnaval”, anuncia o cantor e compositor nos versos iniciais de Chovia no canavial, música que abre o disco com o toque ruralista do acordeom do mesmo Magoo.
Chovia no canavial sobressai na safra autoral do volume 2 – (bem) mais coesa do que a do primeiro volume, editado em maio – entre composições aliciantes como a enevoada Canção na chuva, valorizada pela adesão vocal de Diana Pequeno, cantora de belo timbre grave.
Reforçando o time inteiramente feminino de intérpretes convidados para participar de O Amor no caos volume 2, álbum editado em CD pelo selo Saravá Discos, Tatiana Parra se afina com Baleiro nos uníssonos da canção em inglês Riverside road, evocativa da obra de trovadores da América do Norte.
Embora a gravação da inspirada canção Eu chamo de coragem (Zeca Baleiro e Marcos Magah) esboce espessa atmosfera roqueira ao fim da faixa, o álbum O amor no caos volume 2 transcorre geralmente em trilhos suaves, em apropriados tons menores.
“Eu quero crer que o tempo é justo / Que a dor não nos matará”, vislumbra Baleiro em Canção do mundo imperfeito com facho de esperança que também reluz no despertar de Quando cheiro flores, música cantada pelo poeta triste com Jade Beraldo em arranjo climático que abarca o sopro cool do trompete de Sidmar Vieira.
Nem mesmo as suntuosas cordas da St. Petersburg Studio Orchestra – usadas em Tomie Ohtake e em Rondel, chanson composta por Baleiro sobre versos do poeta francês Tristan Corbière (1845 – 1875) e gravada em perfeita harmonia com Suzana Travassos – diluem a melancolia introspectiva que norteia Baleiro em O amor no caos volume 2.
Canção que encerra o disco, com voo lírico sobre paisagens urbanas, Tomie Ohtake sintetiza a vulnerabilidade do amor, do caos e da própria vida na estrofe formada pelos versos “Quantos aviões passam sobre nós / Quantos sonhos vem, quantos vão / Vejo o cinza e o rosa do Tomie Othake / E ouço o finito tic-tac do meu coração” , cantados com elegante evocação do clima ensolarado da bossa nova.
Mesmo que o sol seja entrevisto, o álbum O amor no caos volume 2 mostra que é inverno no coração de Zeca Baleiro. Mas o poeta triste ainda soa resiliente e vislumbra verão em meio ao amor e à poesia que dissipa o caos existencial. (Cotação: * * * * 1/2)