A metrópole chinesa de Wuhan, considerada o local de origem do novo coronavírus, foi isolada na quarta-feira (22), de acordo com a imprensa local.Wuhan é cidade-irmã de São Luís. Em 2018 atletas maranhenses participaram do 44º Festival de Travessia do Rio Yangtze na cidade chinesa.
Transportes públicos, incluindo trem, metrô e balsa, estão temporariamente fechados em Wuhan. Os voos que partem da região também foram cancelados.
O surto provocou 17 mortes no país – 9 em Wuhan – e mais de 500 casos, de acordo com a Reuters. Também nesta quarta o jornal estatal da Coreia do Norte informou que a fronteira do país com a China foi temporariamente fechada em razão dos casos de coronavírus. Até o momento, o país não informou nenhum caso de coronavírus em seu território.
A epidemia foi detectada pela primeira vez ainda em dezembro de 2019, em um mercado de frutos do mar em Wuhan. Desde então, os cientistas temem uma possível mutação e propagação desenfreada do vírus.
Além da China, Estados Unidos, Japão, Tailândia, Taiwan e Coreia do Sul já registraram pacientes afetados pelo vírus, que provoca um tipo de pneumonia. Há ainda casos suspeitos no México, em Hong Kong, nas Filipinas e na Austrália.
Após terem ignorado a doença por semanas, nos últimos dias os habitantes de Wuhan começaram a usar máscaras de proteção, como contaram por telefone vários moradores à AFP.
“O medo realmente aumentou desde a última segunda-feira (21), quando informaram que o contágio acontece de forma direta entre pessoas”, relata Melissa Santos, uma estudante dominicana que vive em Wuhan há pouco mais de dois anos.
Em um primeiro momento, as autoridades afirmaram que o vírus parecia ser transmitido apenas de animais para o ser humano, e que não havia contaminação entre humanos.
Charly Bonnassie, um estudante francês que embarcou em um trem que saiu de Wuhan, contou que “100% dos passageiros e dos funcionários” usavam máscaras.
“Não há mais máscaras disponíveis nas farmácias, todas sumiram”, disse Vincent Lemarié, um professor de francês que leciona na Universidade de Hubei, a província de Wuhan.
A proximidade da celebração do Ano Novo Chinês é motivo extra de preocupação para as autoridades, já que o feriado aumenta a circulação de turistas e moradores pelo país para acompanhar as celebrações.
“Caso não seja necessário, aconselhamos que não venham a Wuhan”, informou o prefeito da cidade, Zu Xianwang, em comunicado veiculado na televisão.
Em uma coletiva de imprensa em Pequim, o vice-ministro da Comissão Nacional de Saúde da China, Li Bin, sugeriu que os moradores não saíssem da cidade.
Detectores de febre foram instalados nas estações de embarque e no aeroporto. Nas estradas, a temperatura corporal é medida pelos postos de controle, e para sair da cidade o transporte não pode ser feito de carro.
Animais selvagens
A polícia também controla a presença de animais selvagens e aves nos veículos que entram e saem da cidade.
No mercado onde surgiu a epidemia eram vendidos animais selvagens, comentou nesta quarta-feira (22) o diretor do Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças, Gao Fu. Ele não informou, no entanto, se esses animais seriam a origem da infecção.
O local de comércio, principalmente voltado para a pesca, mantém uma seleção variada de mercadorias, como lobos e civetas (pequenos mamíferos), segundo informações divulgadas pela mídia chinesa.
Circula nas redes sociais chinesas uma lista de preços contendo vários animais e produtos variados, como: raposas, crocodilos, lobos, salamandras gigantes, cobras, ratos, pavões e porco-espinho, podendo chegar a 112 tipos de animais.
“Recém-cortados, congelados e entregues em sua casa”, podia-se ler no cartaz.