A escolas de samba no Maranhão surgiram quase concomitantemente às do Rio de Janeiro. Modestas, essas agremiações são por décadas as atrações principais da Passarela Chico Coimbra, instalada no Anel Viário na área do Papódromo, onde pisou o papa João Paulo II, à margem do rio Bacanga que se junta com o Anil formando uma paisagem ímpar de São Luís. Ao fundo a Baia de São Marcos. É um local de confluências como a história do carnaval de São Luís e do país, um traço cultural da miscigenação que aqui se concretiza principalmente nas festas.
Desde os anos 30 do século passado que o desfile das agremiações de Carnaval acontece na ilha. Antes de escolas eram corsos, batucadas, turmas e blocos. Balizas, passistas, porta bandeiras e mestre salas esboçavam o que mais tarde seriam as escolas de samba propriamente ditas, com suas comissões de frente, alas, carros alegóricos, tripés e brincantes em geral.
Escola de samba no Maranhão tem tradição histórica. Atualmente, existem 10 escolas em plena atividade na grande ilha de São Luís. Todas participam do desfile oficial organizado pela prefeitura de São Luís desde os primeiros passos do certame, em 1974.
Na linha da história, a Turma da Mangueira é a primeira escola da ilha de São Luís a ser reconhecida como tal em 1928, seguida da Flor do Samba, Turma do Quinto e as demais que surgiram e desapareceram na linha do tempo. As mais moças são Terrestres do Samba, Mocidade da Ilha e Unidos de Ribamar que este ano estará fora da Passarela Chico Coimbra.
Favela do Samba e Turma do Quinto disputam o ranking de escolas de samba ludovicenses com maior número de títulos de campeã.
PROGRAMAÇÃO DA PASSARELA DO SAMBA
DIA 23/02 – DOMINGO
A partir das 18 horas, na Tenda do Tambor:
Tambor de Crioula Mocidade Independente (Mestre Nivô)
Tambor de Crioula Oriente
Tambor de Crioula Pai Velho
Desfile dos Blocos Organizados
19h00 às 19h15 – Unidos do Porto Grande
19h20 às 19h35 – Cobras das Estrelas
19h40 às 19h55 – Beatos do Samba
20h00 às 20h15 – Os Liberais
20h20 às 20h35 – Unidos da Vila Isabel
20h40 às 20h50 – Alegoria de Rua Corso da Melhor Idade da Madre Deus
20h55 às 21h05 – Alegoria de Rua Tijupá
Desfile das Turmas de Samba
21h10 às 21h25 – Ritmistas da Madre Deus
21h30 às 21h45 – Fuzileiros da Fuzarca
Desfile das Escolas de Samba
22h00 às 23h00 – Unidos de Fátima
23h10 às 00h10 – Mocidade Independente da Ilha
00h20 às 01h20 – Turma do Quinto
01h30 às 02h30 – Turma de Mangueira
02h40 às 03h40 – Favela do Samba
SAIBA TUDO SOBRE AS ESCOLAS QUE DESFILAM NESTE DOMINGO NA PASSARELA
Fundação: 7 de setembro de 1957
Sede: Rua Projetada (48), s/n Areinha
Presidente: Ribão D´Oludô
Linha do tempo: A escola nasceu com o nome de Em Cima da Hora. Depois passou a ser chamada Correio do Samba já que o barracão estava localizado ao lado da agência do Correios no Bairro de Fátima. A partir dos anos 1980 passou a ser denominada Unidos de Fátima, depois de uma fracassada tentativa de unificar as agremiações existentes no bairro. Este ano a escola homenageia Pai Airton que há 50 anos desenvolve atividades religiosas de matriz africana no bairro da Liberdade.
Ficha Técnica
Carnavalesco: Júnior Azevedo
Cores: Azul, branco e amarelo
Bateria: Explosão, do Mestre Dudu Falcão e Preguinho mestres Gugu, Goteira e Gute
Rainha da bateria: Regina Explosão
Mestre Sala: Eduardo Luz
Porta Bandeira: Ilana Gouveia
Enredo: Vila do Anil Espaço Sagrado, onde todo coração é ungido
Compositores: Ribão Doludo, Jeovah França e José Raimundo Gonçalves
Puxadores: Ribão D´Oludô, Nilde (ex Porta Bandeira da escola), Antonio de Paula, Miguelzinho, Pantera e Nestor.
Samba-enredo
Saudade ô saudade
Daqueles tempos que não voltam mais
A vila famosa era só alegria
Meu Deus é tudo que eu queria
Oh se liga na história
Ria Anil aplauso que o progresso chegou
Pelas mãos humildes do trabalhador
Tecendo sonhos, esperança e amor
Celeiro de craques
Que o futebol consagrou
Ô ô ô água para o céu voou
Ave Maria Nossa Senhora da Conceição
Na quermesse é só alegria
Valei-me São Sebastião
Venha minha namorada
Eu quero te encontrar aqui
Domingo sem você não vale nada
Na vesperal do Cine Anil e Rivoli
Ideal é o sabor tradicional
Do bumba boi que faz toada
Pra guarnicê a lua
E povo com o carnaval de rua
Poeta vai buscar poesia
Com Sofia, a deusa da sabedoria
Vamos bota fogo na folia
Com a nossa gloriosa bateria
Mocidade Independente da Ilha
(Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente da Ilha)
Fundação: 13 de fevereiro de 1986
Sede: Cohab
Presidente: Josafá
Linha do tempo: No primeiro ano que desfilou no concurso de escolas de samba da Passarela do Samba, no Anel Viário, em 1987, a escola conquistou o título de campeã.
Ficha técnica
Carnavalesco: Josafá
Cores: Azul e Branco
Bateria:
Mestre Sala:Porta Bandeira:
Enredo: “Nas garras da águia, a Mocidade sobrevoa a cidade do pecado”
Compositores: Renato Dionísio e Nonato Silva
Puxadores:
Samba-Enredo
Nas asas da encantaria fui parar no além-mar
No Mojave conheci a cidade do pecado
No Moulin Rouge oro preparei para jogar
Um jogo de sedução que por mim já foi jogado.
No neon das cores do desfile
Yes, nossa águia entre vocês
Oxente, um Paraíba aqui chegou
Mesmo sem saber falar inglês.
Las Vegas é show, talvez nem seja real
Hoje é pedra perdida de um jogo qualquer
É durma de orgias sonhos e promessas
É musa da Strip com um coração de mulher.
Entrar na intimidade desta minha mocidade
Andar por teus hotéis e cassinos me vestir de emoção
Atenção que um novo mister Bugsi vem aí
No Excalibur oro noite de orgia eu vou ganhar teu coração.
Tem carteado tem roleta e bacará
Onde alguns perdem mais outros podem ganhar
Meu carnaval que viajou só para mostrar
Que a máfia mora em qualquer lugar.
Turma do Quinto
(Sociedade Recreativa e Cultural Escola de Samba Turma do Quinto)
Fundação: 25 de dezembro de 1940
Sede: Madre Deus. São Luís
Presidente: Lílio Guega
Linha do tempo: Em 1940 nasceu de uma aposta o bloco Turma do Quinto da iniciativa de jovens da Madre Deus e de dona Neide Carvalho. O nome da escola é uma alusão ao 5º Batalhão Naval, sediado na capital maranhense. Em 1981 nascia a Sociedade Recreativa e Cultural Escola de Samba Turma do Quinto. Sua história carrega muitos nomes. Foi campeão do Carnaval em São Luís por nove anos consecutivos. Este ano desfila com 3 mil integrantes.
Ficha Técnica
Carnavalesco: Tácito Borralho
Cores: Azul e branco
Bateria: Explosão, mestre Leleco
Rainha da Bateria: Girlene de Sá
Mestre Sala: Andrey
Porta Bandeira: Euricelia
Enredo: Bacabal de azul e branco canta seu centenário de histórias e glórias
Compositores: Manoel Henrique, Carlos Boni e Ceceu Mix
Puxadores: Céceu Mix, Raul Silva, Mikael Prata, Hugo e Emanuele
Samba–enredo: Gira baiana, hoje vai ter terecô. O meu amor explode no carnaval. A cor do manto é azul e branco. Sou Turma do Quinto e Bacabal
Sou filho da princesa que ama esse chão
A fé do ‘coroné’ ainda está de pé
Ó! Conceição!
Proteja os filhos teus, seu povo nordestino
Do sítio dos Abreus, brotou esse caminho
Nos campos, bacaba, guerreiro timbira
A estrada meu rio, o sol dessa vida
Vi nas margens nascer produção
Essa terra reluz…Maranhão!
Santa Terezinha das rosas vermelhas
Ô finada minha Edite, tira logo essa dor
Toca o tambor de Pai Gerson
No balaio guarimã
O índio, a iara cortejou
Bandeira de aço encanta os ouvidos
Conselhos do padre me fazem os sentidos
No voo do meu João
Paraíba é sucesso e tradição
Guarnece, meu boi, guarnece!
Está aí, o Leão é campeão
Gira baiana, hoje vai ter terecô
O meu amor explode no carnaval
A cor do manto é ‘azul e branco’
Sou Turma do Quinto e Bacabal
Turma de Mangueira
(Associação Recreativa, Beneficente, Cultural e Escola de Samba Turma de Mangueira)
Fundação: 25 de dezembro de 1928
Sede: João Paulo. São Luís
Presidente: Itamilson Lima
Linha do tempo: É a escola de samba mais antiga do Norte e Nordeste, formada a partir do bloco Paulistano, no bairro do João Paulo. Em seus enredos a escola verde e rosa do Maranhão já levou para avenida um tributo ao Movimento dos Sem Terra, aos grafiteiros e a personalidades da cultura maranhenses como a musicista Dilú Melo.
Ficha Técnica
Carnavalesco: Itamilson Lima
Cores: Verde e rosa
Bateria: Majestosa, meste Haybe
Mestre Sala:
Porta Bandeira: Tainá Melônio
Samba-Enredo: “”
Compositores: Bruno Costa e André Freitas
Puxadores: Cleber Costa, Bruno Costa, Edinho Sales, Franklin Rubem, Dinho Berg, Hugo Ferreira, Gisela Padilha, Nelissa e Tânia Torres
Samba-enredo
A bela inspiração vai revelar
a história de quem nunca se calou
Seus versos hoje vêm nos ensinar
Com a proteção do reio xangô (eô)
Pioneira, mulher, corajosa
de São Luís, a linda rosa
de Guimarães, floresceu
Contou o que o negro sofreu
Viu a escrava injustiça terminar
Entoou cantor à beira mar
Liberdade! alforria!
Suas palavras têm magia
Vem meu povo festejar
Majestosa cadência no ar
África, mãe de todos nós
Onde ecoa a voz da sabedoria
Palco de paixões e despedidas
Úrsula tem Suzana e outras vidas
A esperança, o porão não sufocou
E o mar levou embora meu amor
Maria…sua batalha continua
Firmina…a igualdade é o ideal
Nesta avenida à luz da lua
A ‘academia” vai brincar o carnaval
Do erudito ao popular
Viemos te agradecer
E aplaudir você!
No batuque do tambor
Chegou Mangueira
Verde e rosa, meu amor, é a primeira
Maria Firmina, eterna rainha
Brasileira!
Favela do Samba
(Sociedade Recreativa Favela do Samba)
Fundação: 26 de outubro de 1950
Sede: Sacavém. São Luís
Presidente: João Moraes
Linha do tempo: Um grupo de jovens liderados por José Ribamar Messias e Euzébio juntou-se na rua da Coragem no bairro do Sacavém na década de 50 para fundar uma escola de samba. No primeiro desfile, em 1951, as cores eram branco e preto. A partir da década de 60 passou a ser azul, amarelo e branco. A escola possui dezessete troféus de campeã, alguns destes divididos com outra escola.
Ficha Técnica
Carnavalesco: Pedro Padilha
Cores: Azul, amarelo e branco
Bateria: Carcará, do mestre Júlio
Mestre Sala:
Porta Bandeira:
Enredo: “Uma trilha…um caminho…uma estrada…uma metamorfose urbana: a rua Grande é nossa!”
Compositores:
Samba-Enredo
Voa, voa, carcará
A rua Grande é teu nível é teu chão
Favela ô Favela
Meu amor, minha paixão
Conta a lenda que virou história
Que ao som dos tambores e ritmos
brotou uma veia de vida
Uma trilha sinuosa feito uma serpente
Rasgava atrás de rio correntes
Nessa cidade um dia francesa
De tanta nobreza
Onde o branco e o índio dominou
E então a metamorfose se viu
E assim um caminho grande surgiu
A estrada real para o comércio se fez
De rua larga também se chamou.
Passo a passo avançou
Do largo para o interior
De corpo e alma a ilha se ligou
Em Oswaldo Cruz e grande se consagrou
E magia, a alegria invade os corações
vidas cenários da memória
O cintilar das emoções
A rua Grande é nossa poesia
Lindo, o teu chão de pedrarias
Carruagens e bondes de outrora
Saudade, lembranças já foram
Daquela épocas das igrejas e moradas,
passeios e cinemas
Entre vitrines e folias
Existe a luta pelo pão de cada dia
É festa em seu comércio geral
E hoje ela é enredo do meu carnaval