Até o dia 6 de abril — isto é, daqui a onze dias —, o Brasil deverá contar com 8.621 pessoas mortas pelo novo coronavírus. Isso é o que diz o relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), enviado sigilosamente ao governo federal e aos governos estaduais, mas vazado na última quarta-feira (25) pelo portal The Intercept Brasil.
O relatório, embora alarmante, indica um número de mortes semelhante a algumas projeções que já vinham sendo feitas por especialistas. No entanto, chama a atenção o fato de que um órgão oficial do Estado, particularmente controlado pelas Forças Armadas, tenha informado ao presidente ilegítimo Jair Bolsonaro o potencial devastador da doença e esse a tenha negligenciado completamente.
Na última terça-feira (24), quando Bolsonaro tinha ciência do relatório, o presidente ilegítimo fez um pronunciamento nacional minimizando a pandemia, alegando que se trataria de uma gripezinha e que não seriam necessárias grandes medidas para combatê-la. De fato, para Bolsonaro, mais 8,5 mortes em menos de quinze dias provocadas pelo total descaso do Estado com a saúde pública não seria um grande problema…
Em outro relatório da Abin vazado pelo Intercept no dia 25 de março, a situação do Brasil é comparada com a da Itália e dos Estados Unidos. Segundo o documento, dez dias depois de o Brasil ter completado 150 casos, a quantidade de pessoas doentes era de 1.891, o que é consideravelmente inferior ao registrado pela Itália — 2.502 no décimo dia após 150 casos — e pelos Estados Unidos — 2.247 casos. Contudo, ambos os países, ao completarem essa marca, já haviam tomado medidas para diminuir o avanço da doença, e mesmo assim estão registrando dezenas de milhares de casos. No Brasil, até hoje, não existem testes disponíveis para diagnosticar os infectados pelo novo coronavírus.
Fica evidenciado, assim, que a pandemia do coronavírus deverá deixar um desastre sem precedentes na história do Brasil no que depender do governo Bolsonaro. Ao depender de sua atitude, de não construir hospitais, nem distribuir materiais de higiene e proteção, nem muito menos se preocupar com os testes em massa, a saúde pública entrará em colapso rapidamente.
O total descaso em relação à doença, inclusive, não poderá ser superado unicamente com a política da quarentena, adotada pelos governos estaduais, sobretudo preocupados com o quase que inevitável colapso da saúde pública e com a provável explosão social decorrente. Mesmo que um setor da população fique confinado, a ausência de uma política de Estado — conforme feito na China e está sendo feito na Venezuela — causará muitas mortes.
Por isso, partindo do fato de que o governo Bolsonaro é inimigo do povo, é preciso mobilizar a população em torno de reivindicações que permita que o controle da saúde pública passe das mãos dos parasitas incrustados no Estado para as mãos de quem realmente necessita. É preciso formar conselhos populares em todos os bairros do país e garantir, pela força, uma política de combate efetivo do coronavírus no Brasil.