RIO – Morreu na noite desta sexta-feira,27, no Rio, o artista plástico, desenhista e educador infantil Daniel Azulay. Segundo uma publicação em sua página no Facebook, Azulay travata de uma leucemia e contraiu o novo coronavírus. Ele tinha 72 anos.
Em nota, a Clínica São Vicente confirmou o falecimento de Azulay, mas e disse que “não tem autorização da família para divulgar mais detalhes”.
Muito popular nos anos 1970 e 80 por programas infantis na TV, ele foi o criador da Turma do Lambe-Lambe, inicialmente como tirinha do jornal “Correio da Manhã”, que completou 45 anos em 2019. Ele foi criador de personagens como a vaquinha Gilda, a coruja Professor Pirajá e a galinha Xicória, e do bordão “Algodão doce pra você!”.
Quem é Daniel Azulay
Nascido no Rio de Janeiro, em 1947, Daniel Azulay era um desenhista autodidata, e assim tentava incentivar os pequenos a desenhar. Apesar de ter descoberto seu dom desde cedo, precisou cursar a faculdade de Direito, por imposição do pai. Durante as aulas, para passar o tempo, fez incontáveis desenhos, e decidiu que esse seria o seu ofício. Formou-se em 1969, mesmo ano em que começou a publicar suas primeiras histórias em quadrinhos e cartuns em revistas e jornais, inclusive “O Pasquim”.
Referência nas artes plásticas, Azulay foi também empresário, apresentador e compositor. Tornou-se famoso ao apresentar durante mais de 15 anos a “Turma do Lambe-Lambe”, programa de TV educativo para o público infantil, transmitido pela extinta TVE e pela Rede Bandeirantes. Junto com o grupo de personagens que criou em histórias em quadrinhos, ensinou a desenhar e a construir brinquedos, influenciando principalmente as crianças que cresceram nas décadas de 80 e 90.
Azulay lançou diversos CDs e LPs com as músicas da turma do Lambe-Lambe e uma série de CD-ROMs que estimulava a criatividade da criançada. Para expandir seus horizontes, ele criou, em 1992, sua primeira oficina de desenho, no Largo do Machado. O negócio se expandiu e conta com mais de dez unidades espalhadas pela cidade.
— Não podemos esquecer que o desenho é importante para aprimorar a coordenação motora das crianças. Ele é indispensável. Quando desenha, a criança está dialogando com o seu interior; fica mais fácil para os pais conhecerem seus filhos — disse em entrevista ao GLOBO em 2017. — A criança nem precisa saber desenhar. O método é justamente para quem quer se expressar rapidamente através do desenho e desenvolver de forma rápida sua interpretação e o senso estético.
Ao longo das décadas de trabalho, Azulay rodou o país ministrando palestras sobre arte e educação, e participou de diversas campanhas sociais, parte delas para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Campanha de Ação da Cidadania Contra a Fome.
— Sempre encarei meu trabalho de forma lúdica e solidária. Recuperar, pela arte, o interesse das pessoas para uma atividade construtiva é mais do que gratificante — disse ao GLOBO.