Um texto com elogios à ditadura militar no Brasil foi distribuído em sala de aula na última segunda-feira (25), pelo professor associado Eduardo Lobo Botelho Gualazzi, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo.
O documento de 12 páginas datilografadas e rubricadas foi entregue na aula inaugural da disciplina “Direito Administrativo Interdisciplinar” e está gerando protestos entre os estudantes.
No texto, o professor defende a ditadura militar, ofende os partidários da esquerda, a quem classifica de “energúmenos”, e os LGBTs, afirmando que casais não formados por homem e mulher são agrupamento de “tarados”. Gualazzi ainda louvou a “raiz europeia” da “nação brasileira”, criticou a miscigenação racial e declarou apoio ao presidente Jair Bolsonaro durante a aula.
Não é a primeira fez que o professor de 72 anos de idade se envolve em polêmica na faculdade de Direito da USP. Ele já havia sido filmado por alunos fazendo uma defesa da ditadura militar em 2014, quando o golpe completou 50 anos. Naquela ocasião, numa aula cujo título foi ‘Continência a 1964’, ele afirmou que, então com 17 anos, ofereceu, “em silêncio firme”, seu apoio à “Revolução”, “decisão íntima de que sempre me orgulhei”.
O Centro Acadêmico XI de Agosto divulgou no Facebook nota de repúdio às declarações e exigiu “posicionamento público da Faculdade de Direito da USP, bem como uma retratação” do professor.
Na nota, os estudantes relatam o texto do professor “denomina pobres de ‘eterna minoria do submundo que se recusou a trabalhar e produzir qualquer bem’, chama a esquerda de ‘minorias sociais de energúmenos’ e defende que grupos LGBTs ‘(…) não são família, mas apenas aberração’ e seriam ‘tarados e taradas’, também afirmando que a união entre pessoas deve consistir em ‘homem/mulher de mesma etnia’”.
Douglas Fernandes, integrante da atual gestão do centro acadêmico, diz que o texto foi recebido com surpresa e indignação: “É inimaginável que um professor tenha isso como linha oficial dentro de sala em pleno 2019. Ainda mais em uma faculdade que tem histórico de luta pela democracia e contra o regime de 1964.”
“Estamos avaliando as medidas administrativas cabíveis e planejando debates sobre esses temas com os alunos, desde a luta contra a ditadura até o discurso de ódio contra as minorias sociais”, completa Fernandes.
Leia a nota na íntegra: