A Associação Nacional de Jornais (ANJ) emitiu uma nota de repúdio às agressões sofridas por profissionais do Estadão na tarde deste domingo, 3, que acompanhavam uma manifestação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O fotógrafo Dida Sampaio registrava imagens do presidente em frente à rampa do Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios, numa área restrita para a imprensa, quando foi agredido.
“A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condena veementemente as agressões sofridas por jornalistas e pelo motorista do jornal O Estado de S.Paulo quando cobriam os atos realizados neste domingo, 3, em Brasília. Além de atentarem de maneira covarde contra a integridade física daqueles que exerciam sua atividade profissional, os agressores atacaram frontalmente a própria liberdade de imprensa. Atentar contra o livre exercício da atividade jornalística é ferir também o direito dos cidadãos de serem livremente informados.
A ANJ espera que as autoridades responsáveis identifiquem os agressores, que eles sejam levados à Justiça e punidos na forma da forma da lei.”
maior ao qual o discurso belicoso e ultrajante do presidente da República expõe os repórteres brasileiros, afirma nota divulgada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) neste domingo.
Segundo a associação, outros eventos que mobilizaram jornalistas no fim de semana também produziram casos de hostilidades e agressões contra repórteres no exercício da profissão. “Tais agressões são incentivadas pelo comportamento e pelo discurso do presidente Jair Bolsonaro. Seus ataques aos meios de comunicação, teorias conspiratórias e comportamento ofensivo fomentam um clima de hostilidade à imprensa, além de servirem de exemplo e legitimarem o comportamento criminoso de seus apoiadores. É inaceitável que militantes favoráveis ao governo saiam às ruas com objetivo expresso de intimidar os profissionais de imprensa, quando o próprio governo federal definiu o jornalismo como atividade essencial durante a pandemia”, diz a nota.
A entidade alerta ainda que a deterioração da liberdade de impresa, fomentada por autoridades eleitas e servidores públicos, é risco grave para a democracia. “A Abraji e o Observatório da Liberdade de Imprensa da OAB cobram das instituições republicanas que protejam o direito da sociedade à informação. Os três poderes, nas três esferas, não podem se mostrar passivos diante da violência física e simbólica contra os jornalistas, e devem punir agressões e reagir aos discursos antidemocráticos.”
No momento da agressão, Sampaio usava uma pequena escada para registrar imagens quando foi empurrado por manifestantes, que também desferiram chutes e murros no profissional. O motorista do jornal, Marcos Oliveira, que apoiava o fotógrafo, foi agredido com uma rasteira. Os apoiadores também gritaram “fora Estadão” durante o incidente. Os repórteres Júlia Lindner e André Borges, que também acompanham a manifestação para o Estadão, foram insultados, mas sem agressões.
Milhares de pessoas se reuniram na Esplanada dos Ministérios, em ato estimulado pelo presidente. A ação ocorre após o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro prestar depoimento em inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar denúncia feita por ele de que o presidente Bolsonaro usou o cargo para tentar acesso a investigações sigilosas da Polícia Federal.
Desrespeitando as normas de saúde pública, Bolsonaro participou da manifestação. Sem o uso de máscara — assim como a maioria dos manifestantes — , o presidente desceu a rampa do Planalto para falar com apoiadores, que o informaram sobre a expulsão de jornalistas do local. Ao saber da informação, Bolsonaro minimizou e criticou a Globo. “Pessoal da Globo, vem aqui para pegar um cara ou outro falar besteira. Essa TV realmente foi longe demais”, comentou durante transmissão ao vivo nas redes sociais.