ois anos e meio depois da deflagração da Operação For All, a Receita e a Polícia Federal ainda não conseguiram fechar a conta milionária da sonegação de impostos e de um suposto crime de lavagem de dinheiro da empresa Aviões do Forró Gravações e Edições Musicais Ltda. Segundo uma fonte da Justiça Federal, a desorganização de dados e a ocultação de patrimônio por parte dos investigados têm dificultado a conclusão da apuração que vai e volta entre o Ministério Público, o fisco e os policiais que ainda quebram a cabeça para dar um ponto final no levantamento das possíveis irregularidades.
Na Justiça Estadual, em outro processo, os investigados até apresentaram uma relação de bens, direitos e dívidas (quadros), mas isso ainda não teria convencido as autoridades sobre a real situação de um dos grupos musicais mais prósperos do Brasil. De acordo com informações de Isaías Duarte, sócio administrador da empresa, a Aviões do Forró teria um patrimônio avaliado em R$ 6.883.902,55 e “obrigações” e dívidas que somariam R$ 25.767.239,09.
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Os números fazem parte da contestação de Isaías Duarte em um processo que tramita na 3ª Vara Cível de Fortaleza. Na ação original, a ex-cantora da banda Aviões do Forró, Solange Almeida, cobra de seus ex-sócios (Isaías Duarte, Carlinhos Aristides, Xand Avião e Cláudio Melo) o pagamento de R$ 5 milhões como parte do que teria direito numa sociedade de 14 anos. A ex-vocalista afirma ter sido expulsa da banda em 2017, mas só entrou na Justiça este ano. Em vídeos enviados ao O POVO, ela explicou ter esperado até janeiro pelo início do “processo de haveres” para divisão do patrimônio.
Os dados apresentados por Isaías Duarte ao juiz Fabiano Damasceno Maia, da 3ª Vara Civil de Fortaleza, são referentes a 2017. No documento que trata sobre “bens e direitos”, o ex-sócio de Solange Almeida afirma que a Aviões do Forró tem um “ativo circulante” de R$ 2.749.451,47. Além disso, o valor dos veículos usados pela banda valeria R$ 1.146.770,00. No quadro há também a informação de que R$ 1.769.131,77 de recursos estão “imobilizados”.
A Aviões do Forró e outras “marcas do grupo e patentes” aparecem no relatório de “bens e direitos” avaliada em R$ 52.466,00. Os valores das marcas de pelo menos dez empresas, abertas durante a sociedade, são pontos questionados por Solange Almeida na ação judicial. O grupo seria dono de nomes de bandas, casas de shows, rádios e gravadoras de “preços inestimáveis” no mercado do forró e que foram adquiridas enquanto a cantora era sócia da banda.
Entre os pontos do relatório de “obrigações” da banda, consta a informação da primeira parte da dívida da Aviões do Forró com a Receita Federal. No que o fisco conseguiu mapear, após a operação For All em outubro de 2016, ficou acordado que o grupo musical deveria pagar R$ 14.863.551,90 sonegados. Outro dado que sinaliza a saúde financeira da empresa está no item “débitos processuais trabalhistas”. O grupo, segundo o documento de contestação judicial de Isaías Duarte, acumulava até 2017 uma dívida de R$ 3.167.193,12.
Na contestação à Solange Almeida, feita por Isaías Duarte e os três ainda sócios da banda Aviões do Forró, eles pedem que incida sobre o pedido da ex-cantora do grupo a inclusão de bens, direitos e dívidas na proporção de suas cotas na sociedade. A ex-vocalista, quando saiu da empresa musical, tinha 25% das cotas.