A obra de estreia do escritor Chico Fonseca se passa em São Luís, em 1963. O romance contrasta o conservadorismo da capital do Maranhão na década de 1960 com a paixão entre uma aluna e uma professora de história.
Além da história de um amor proibido, as personagens se debruçam em pesquisas sobre a participação dos negros na construção da cidade e o papel dos ancestrais escravizados no desenvolvimento de São Luís.
Lançado pelo selo Jangada, do Grupo Editorial Pensamento, o livro de 288 páginas mistura a biografia de pessoas que existiram com personagens fictícios numa trama que remonta a história da capital maranhense.
Por Ramiro Brites
Leia trecho do livro:
Na cidade de São Luís do Maranhão, naquele longínquo ano de 1963, uma relação amorosa entre duas mulheres não fazia parte do imaginário coletivo. Seria algo impensável, e certamente sua revelação despertaria forte reprovação e censura.
Maria Ellena, branca, 26 anos, professora de História e recém-casada com um aristocrata dominado pela mãe, é surpreendida por uma paixão avassaladora por Mariana, uma moça afrodescendente de 19 anos a quem ela está orientando para prestar vestibular para a Faculdade de História.
Interessada na importante participação dos negros na construção da sua cidade, Mariana convence a professora a acompanhá-la em suas pesquisas sobre a saga dos seus ancestrais escravizados. De pele mais clara, por sucessivas miscigenações, mas mantendo os belos traços da sua ancestralidade negra, Mariana tem olhos castanho-claros – que herdou do pai, e que mudam de tom conforme a claridade, como mel que se dissolve em luz –, e sua estonteante beleza deixa Maria Ellena encantada e um tanto confusa.
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