Renata Vilela
Em meio à bacia hidrográfica do rio Munim, foi criada em 1997 a cidade de Belágua, no Maranhão. Com cerca de 7.191 habitantes (IBGE 2014), Belágua sempre foi um município pobre. Porém, desde os anos 2000 seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) vem subindo de forma consistente. Se em 2000 seu IDH era considerado muito baixo (0,320), em 2010 era considerado baixo (0,512) e desde 2015, quando foi escolhido pelo Movimento Solidário da Fenae para ser alvo de seus projetos, vem subindo ainda mais e de forma consistente.
O Movimento Solidário é um programa da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), que em parceria com os empregados da Caixa, realiza investimentos em produtividade em cidades pobres. Financiado pelos empregados, ele é desenvolvido a partir de estudos técnicos. Atualmente é gerido por Jair Ferreira, presidente do Instituto Fenae Transforma.
Porém, as mudanças não seriam tão acentuadas se não houvesse o Programa Mais IDH, do governo do Maranhão. De acordo com o governador Flávio Dino, presente à live de comemoração dos cinco anos de atuação conjunta, promovida pelo Instituto Fenae, o governo vem trabalhando intensamente em Belágua e em outras cidades pobres do Maranhão. Na cidade, as ações do governo do estado foram desde o desenvolvimento e aplicação de tecnologia social para 300 famílias à feitura de asfalto, a criação de um restaurante popular, até o acesso à água.
Os números dos cinco anos do programa são grandiosos. Foram 1.813 pessoas beneficiadas com projetos como banheiros, desenvolvimento de piscicultura, suínocultura, avicultura, perfuração de poços artesianos e apicultura. Contudo, Jair Ferreira afirma que o objetivo do programa não são os dados, mas as pessoas: “A gente chora e se emociona vendo o carinho que essas pessoas têm por essas mudanças”.
No mesmo sentido, a presidente da APCEF Maranhão, Giselle Menezes, afirma: “Cinco anos e 42 projetos depois, vemos a redução da desnutrição, da mortalidade infantil e materna”. Ela explicou que houve a verificação da necessidade de cada comunidade do município. Para algumas cidades, havia a necessidade de um poço; para outras, uma estrutura para produção de farinha. Assim, cada uma das comunidades recebeu o projeto pronto e realizou o trabalho em sistema de mutirão. As benfeitorias são de todos, “gerando uma lição de união”, aponta Menezes.
De acordo com o governador do Maranhão, muita gente ainda naturaliza a desigualdade social e regional no Brasil. Ele explica que as conjunturas de exclusão vêm de longe, da formação do País. Assim, é inaceitável que uma parte da população não tenha “direitos consagrados desde o século XVIII”, afirma Dino.
Jair Ferreira explica que há um planejamento para a expansão do programa. Contudo, afirma que haverá muita dificuldade por conta da atual conjuntura pela qual passa o País. “Estamos fazendo estudos técnicos e podemos ainda ver se há possibilidade de atender mais municípios”, disse o presidente do Instituto Fenae Transforma.
De acordo com Jair, o segundo passo do projeto é a criação de renda e emprego, com o que o governador Flávio Dino concorda. “A transformação está no horizonte de todos que participam do movimento solidário”, disse Flavio Dino, que também ressaltou o papel das empresas estatais na implementação do Programa Mais IDH. De acordo com ele, os empréstimos ao estado vieram da Caixa e do Banco do Brasil, e o projeto também contou com a parceria da Embrapa para melhorar a produtividade.