Pesquisa Ibope mostra que a parcela da população que considera o governo Bolsonaro bom ou ótimo caiu de 49%, em janeiro, para 34% em março. Os que avaliam a administração ruim ou péssima passaram de 11% para 24%. A avaliação é a pior para um presidente em primeiro mandato no mesmo período.
A parcela da população que considera o governo Jair Bolsonaro bom ou ótimo encolheu de 49% em janeiro para 34% em março – queda de 15 pontos porcentuais em dois meses. Já os que avaliam a gestão como ruim ou péssima saltaram de 11% para 24%. Os dados são de três pesquisas mensais de avaliação do Ibope, divulgadas ontem, em bloco.
A proporção de brasileiros que consideram o governo Bolsonaro regular também está aumentando, segundo o instituto: de 26% em janeiro, a taxa chegou agora a 34%.
O Ibope também perguntou aos entrevistados se aprovam ou desaprovam a maneira como o presidente governa – o que não dá margem a uma resposta neutra. Nesse caso, a taxa de aprovação ainda alcançou em março 51% – maioria absoluta –, mas em tendência de queda forte. Em janeiro, 67% aprovavam Bolsonaro. No mês seguinte, o resultado chegou a 57%. Já a desaprovação foi de 21%, 31% e 38%, respectivamente, na série de três pesquisas.
Os levantamentos revelam ainda uma redução acentuada na credibilidade do presidente. Em janeiro, 62% afirmavam confiar em Bolsonaro. A taxa caiu para 55% em fevereiro e, agora, para 49%. Os que não confiam no presidente passaram de 30% em janeiro para 44% em março.
Ao menos nos últimos 25 anos, o nível de satisfação com o governo é o mais baixo registrado em pesquisas feitas no terceiro mês de gestão, segundo o Ibope. Só presidentes em segundo mandato tiveram avaliação pior em pesquisas feitas em março do primeiro ano – nesses casos, porém, não se tratava do terceiro mês de governo, mas do 51º.
Em pesquisa Ibope feita em março de 1999, Fernando Henrique Cardoso teve 22% de taxa de avaliação boa ou ótima. Dilma Rousseff, em março de 2015, obteve apenas 12%. No início de seus primeiros mandatos, porém, os dois eram mais bem avaliados que Bolsonaro, o que também vale para Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva — este com taxa de bom ou ótimo superior à do atual presidente até no segundo mandato (49%).
Grupos
A insatisfação aumentou mais acentuadamente em determinados segmentos do que em outros. No recorte regional, a queda mais forte de avaliação positiva aconteceu no Nordeste. Em março, 23% dos nordestinos consideravam o governo ótimo ou bom, uma queda de 19 pontos porcentuais desde janeiro. Na divisão por religião, o nível de satisfação com o governo é maior entre evangélicos (41%) que entre católicos (33%), mas nos dois segmentos houve redução significativa desde janeiro (14 e 16 pontos porcentuais, respectivamente).
O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, disse que pesquisas são “fotografias de momento” e que é natural o presidente enfrentar certa instabilidade para dar sequência ao seu projeto de governo.
Para a diretora executiva do Ibope, Márcia Cavallari, a velocidade da queda da aprovação de Bolsonaro está relacionada a fatos envolvendo o governo. “Há expectativa grande e imediata da população em relação à melhoria da economia, do emprego, da saúde, da educação e da segurança pública. Não é fácil equilibrar expectativa com a realidade”, disse.
De O Estadão