Ao menos duas imagens do bumba-meu-boi integram a obra “Festas Populares do Brasil”, de Lélia Gonzalez (1935-1994), uma das mais celebradas intelectuais nras brasileiros do século 20. Lançado em 1987, cinco depois de “Lugar de Negro”, livro de estreia de Lélia, a obra que traz fotografias da maior expressão do folclore do Maranhão.
O volume têm registros extraordinários do bumba-meu-boi de São Luís entre tantas outras festas, produzidos por fotógrafos Maureen Bisilliat e Walter Firmo. Tem ainda trabalhos dos fotógrafos Januário Garcia, Marcel Gautherot e outros.
Patrocinada pela Coca-Cola, as “festas…” teve tiragem de 3 mil exemplares distribuídos como brinde de final de ano. Está sendo relançado pela Boitempo com acréscimentos de textos inéditos e de apoio.
“O que a Lélia está mostrando é uma inteligência dos escravizados, que entenderam que, naquelas celebrações, era possível reelaborar aspectos da sua cultura originária. Isso é muito forte naquele contexto opressivo. Manter sua cultura é manter um traço de humanidade. No debate historiográfico e sociológico desse momento [anos 1970 e 80], há a ideia do escravo-coisa, escravo-objeto. Se você tem cultura, você não é uma mercadoria. Você é um sujeito, um sujeito de conhecimento capaz de passar a outros que não da sua comunidade seus valores, como é o caso de inúmeros aspectos da cultura brasileira