Em homenagem ao Dia da Consciência Negra (20 de novembro) foi aberta na manhã desta quinta-feira, 17, no Espaço de Artes Ilzé Cordeiro, no Centro Cultural do Ministério Público do Maranhão (rua Oswaldo Cruz – Centro), em São Luís, a exposição coletiva “Raízes Ancestrais”.
Telas de Tassila Custodes, na técnica ilustração digital, e de Uaatê, além de esculturas em cerâmica e papelão de Jean Charles, Izabel Matos e Guaracy Soares estão em cartaz no local até o dia 30 de novembro. Essa é a terceira exposição realizada pelo órgão em alusão à data.
Nas peças, são retratados aspectos da cultura popular de origem negra, como o tambor-de-crioula; vestimentas étnicas; personagens carnavalescos; além de entidades das religiões de matriz africana.
Membros e servidores do Ministério Público, artesãos e artistas estiveram presentes na abertura da mostra, que foi iniciada com o pronunciamento do procurador-geral de justiça, Eduardo Nicolau. “Criamos esta galeria em 2001, porque nós temos a consciência de que precisamos aproximar cada vez mais a população do Ministério Público. Nada é melhor do que a instituição segurar no braço do povo tornando a caminhada mais leve, rápida e fácil”.
Sobre a exposição, o chefe do MPMA enfatizou: “Nós temos no Maranhão uma cultura negra muito vasta e nossas artes são enriquecidas por esses elementos. Nós temos que agradecer por isso, porque a cultura negra daqui sempre foi atuante, forte e bela”, declarou.
Representando os artistas integrantes da exposição, a poeta e artista plástica Guaracy Soares ressaltou a satisfação de todos os participantes com a iniciativa do Centro Cultural do Ministério Público de promover pela terceira vez um evento em reverência ao Dia da Consciência Negra. “Estamos muito felizes pelo Ministério Público ter aberto as portas para mostrarmos nossos trabalhos. Enquanto esse tipo de iniciativa institucional acontecer, vamos agregar mais valores ao nosso estado, ao nosso país”, completou.
A coordenadora do Centro Cultural do MPMA, Dulce Serra, destacou a necessidade do combate permanente ao racismo estrutural e todas as formas de preconceito e discriminação. “Esse é um tema muito caro para nós, porque é permeado de muitas dores e lutas, mas é envolvido também de muitas alegrias e conquistas. Não é um debate restrito a negras e negros, é uma pauta de todos, porque a gente quer uma sociedade melhor para todas as pessoas. Não podemos naturalizar a violência, o racismo e a discriminação, nem a ausência de negros e negras nos espaços de poder”.
Presente como visitante da solenidade, a procuradora-geral de justiça do Ministério Público do Espírito Santo, Luciana Andrade, destacou a sua emoção de voltar ao Maranhão e a importância do tema da mostra. “A sociedade brasileira é tão diversa e acolheu o mundo inteiro aqui, mas ainda sofre com racismo estrutural, com a ideia da permanência absoluta de grupos hegemônicos, como os brancos e os homens. Mas nós estamos mudando isso. Não com a velocidade que desejamos, mas não podemos desistir, porque a nossa palavra é a resistência”.
Igualmente se pronunciou no evento, a artesã Márcia Maria, integrante da Marcha Mundial das Mulheres. “Nós temos a capacidade de nos recriar, de nos reinventar. Hoje estamos ocupando esse espaço, expondo nossos trabalhos de resistência cultural”, enfatizou.
Do MPMA, também compôs o dispositivo de honra a promotora de justiça auxiliar da Escola Superior do Ministério Público do Maranhão (ESMP), Elyjeane Alves Carvalho.
A solenidade de abertura contou ainda com uma feira agroecológica, com alimentos regionais orgânicos, brechó e peças de artesanato. Também integrou a programação a farmácia de axé, com a exposição de plantas medicinais.
Texto da Assessoria do Ministério Público do Estado do Maranhão