O empresário e apresentador Silvio Santos, morto aos 93 anos neste sábado, foi enterrado na manhã deste domingo no Cemitério Israelita do Butantã, na região Oeste da capital paulista. A cerimônia foi fechada ao público, restrita a amigos e parentes, atendendo a um pedido dele. O corpo foi sepultado pouco antes das 9h e o enterro durou cerca de 20 minutos, desde a hegada do corpo.
Além de familiares como as filhas Daniela Beyruti e Patrícia Abravanel, e seu marido Fabio Faria, o neto Tiago Abravanel, estiveram presentes no cemitério alguns amigos e funcionários do SBT como o cabeleireiro Jassa, o apresentador Cesar Filho e sua mulher Elaine Mickely. O também apresentador Celso Portiolli e o humorista Carlos Alberto de Nóbrega também foram ao enterro.
Silvio Santos foi enterrado ao lado de um dos cinco irmãos, Leonel Abravanel, morto em 1982 por complicações de um câncer.
O Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, confirmou ontem que Silvio Santos morreu por broncopneumonia após contrair H1N1. Ele estava internado há 17 dias na unidade de saúde.
Fãs se despedem
A movimentação em frente ao cemitério foi tímida. Alguns fãs estiveram presentes para prestar a última homenagem ao ídolo e reclamaram da impossibilidade de se despedir adequadamente de Silvio Santos: “ele deveria ter chegado de carro de bombeiros”, comentou.
A costureira Maria do Socorro Araújo, de 75 anos, é vizinha do cemitério e disse que ia quase todos os domingos ao programa de auditório do Silvio Santos. A paixão vem de família: a avó comprava carne do baú; ela ainda compra produtos de cosméticos Jequiti, marca criada pelo apresentador.
— É um dia muito triste para o Brasil. Jamais será esquecido – afirmou.
Ela foi ao cemitério com a filha Claudia Regina Ferreira, de 54 anos. A professora diz respeitar a decisão do apresentador de não querer que sua morte seja explorada.
— Eu acho que está certo, imagina o tumulto que seria? Um cara que trouxe tanta alegria pro povo brasileiro…. Por que não respeitar o pedido dele? Ele realizou tantos sonhos – afirmou.
A aposentada Dulcinéia dos Santos, de 70 anos, mora em um prédio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) ao lado do cemitério, com vista para os túmulos. Ela aproveitou a posição privilegiada para se despedir do ídolo.
— A gente está na área VIP, né? Aqui estamos vendo de camarote. Esperava que estivesse aberto (o enterro). Ele era uma pessoa boa, né? Quando é bom, gostamos ver ver. Infelizmente não deu, a gente leva no coração — ressaltou.
O montador Ademir Rocha dos Santos, de 54 anos, é vizinho dela. Ele comemorou o fato de ter visto a comitiva passar, para se despedir de Silvio Santos mesmo de longe.
— Tudo é uma emoção, mas a gente já esperava que iria morrer. Mesmo assim, é aquele impacto — disse.
Na porta no cemitério, a família Abravanel deixou uma carta para os fãs.
“Colegas de auditório, colegas de uma vida. O que dizer para vocês neste momento? Acredito que muitos de vocês estejam compartilhando da mesma saudade que hoje estamos sentido. Queria dizer para vocês que muitas vezes, ao longo da vida, à medida que nosso pai foi ficando mais velho, ele ia expressando um desejo com relação a sua partida. Ele pediu para, assim que partisse, o levássemos para o cemitério para uma cerimônia judaica. Ele pediu para que não explorássemos sua passagem. Ele gostava de ser celebrado em vida e gostaria de ser lembrado com alegria de viver”.R
Ritos judaicos
Todos os ritos de despedida foram feitos de acordo com a tradição judaica, religião do empresário.
Segundo o Judaísmo, logo que um judeu morre são feitos os cuidados com o corpo. Como explica a Chevra Kadisha, a associação do cemitério israelita de São Paulo, o corpo primeiro é lavado, depois envolto em uma mortalha branca e simples, a Tach’richim. O corpo é colocado no caixão fechado porque a tradição considera um desrespeito ao morto que seu corpo seja exibido.
É recomendado que o sepultamento seja feito o mais rápido possível depois que a pessoa morreu. O judaísmo entende que enquanto o corpo não for enterrado, a alma ainda não está em repouso. A tradição também pede que não seja feito enterros aos sábados, por ser o dia de descanso, o sabbath, período que vai do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado.
No ritual fúnebre judaico há a leitura de trechos da Torá, o livro sagrado do Judaísmo, e palavras do rabino e de pessoas queridas e próximas ao morto. No enterro, os presentes ajudam, um de cada vez, a cobrir o caixão com terra.