O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou neste sábado (7) sua pré-candidatura à Presidência da República em chapa com Geraldo Alckmin (PSB) de vice.
Em sua fala, que durou pouco mais de 45 minutos, ele pregou o resgate da soberania nacional, defendeu a Petrobras e repisou falas em prol da criação de empregos e do combate à fome.
“O grave momento que o país atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos obriga a superar eventuais divergências”, disse, diante de uma imagem da bandeira do Brasil. “Queremos unir os democratas de todas as origens e matizes […] para enfrentar e vencer a ameaça totalitária.”
Queridos companheiros e companheiras,
Eu queria, em nome da Janja e da presidenta Dilma, parabenizar as mulheres brasileiras pelas conquistas que já obtiveram e pelas conquistas que vão obter a partir das eleições de 2022.
Vocês não são maioria apenas numericamente. Vocês são maioria na capacidade de elaboração de propostas e na capacidade de luta.
Vocês só têm [que fazer] uma coisa: acreditar em vocês. Se vocês acreditarem, transformem isso na causa principal e as mulheres poderão ser maioria em todos os lugares em que ontem parecia impossível para vocês. Então minha solidariedade a todas as mulheres.
A segunda, [queria] dizer que eu fui surpreendido aqui, fui surpreendido e vocês sabem que não podem provocar num jovem de 76 anos tantas emoções, porque, quem sabe, que o coração não aguente. E eu digo sempre que pelo fato de ser corintiano, o coração está mais batido, mais calejado, e não há emoção que consiga fazer com que isso aconteça comigo.
Hoje é um dia especial. Inclusive, saio daqui, Haddad, na expectativa de que nós vamos comer chuchu com lula. Saio daqui e acho que a nossa companheira Bela Gil pode abrir um espacinho no restaurante dela só para servir lula e chuchu, que acho que vai ser o prato predileto de todo o ano de 2022.
Esse prato se tornará o prato da moda no Palácio do Planalto a partir das eleições.
Meus amigos e minhas amigas.
Defender nossa soberania é defender a Petrobras, que vem sendo desmantelada e sucateada dia após dia.
Colocaram à venda as reservas do pré-sal, entregaram a BR Distribuidora e os gasodutos, interromperam a construção de algumas refinarias e privatizaram outras.
O resultado desse desmonte é que somos autossuficientes em petróleo, mas pagamos por uma das gasolinas mais caras do mundo, cotada em dólar, enquanto os brasileiros recebem os seus salários em real.
O óleo diesel também não para de subir, sacrificando os caminhoneiros e fazendo disparar os preços dos alimentos.
O botijão de gás já chegou a custar R$ 150, comprometendo o orçamento doméstico da maioria das famílias brasileiras.
Nós precisamos fazer com que a Petrobras volte a ser uma grande empresa nacional, e se transformar outra vez em uma das maiores do mundo.
Colocá-la de novo a serviço do povo brasileiro e não dos grandes acionistas estrangeiros. Fazer outra vez do pré-sal o nosso passaporte para o futuro, financiando a saúde, a educação e a ciência.
Defender a nossa soberania é defender também a Eletrobras daqueles que querem o Brasil eternamente submisso.
A Eletrobras é a maior empresa de geração de energia da América Latina, responsável por quase 40% da energia consumida no Brasil.
Foi construída ao longo de décadas, com o suor e a inteligência de gerações de brasileiros. Mas o atual governo faz de tudo para entregá-la a toque de caixa e a preço de banana.
O resultado de mais esse crime de lesa-pátria seria a perda da nossa soberania energética.
Perder a Eletrobras é perder Chesf, Furnas, Eletronorte e Eletrosul, entre outras empresas essenciais para o desenvolvimento do nosso país.
É perder também parte da soberania sobre alguns dos nossos principais rios, como o rio Paraná e o São Francisco
É dizer adeus a programas como o Luz para Todos, responsável por trazer para o século 21 cerca de 16 milhões de brasileiros e brasileiras que antes viviam na escuridão.
É aumentar ainda mais a conta de luz, que hoje já pesa não apenas no bolso do trabalhador, mas também no orçamento da classe média.
Defender nossa soberania é defender os bancos públicos. O Banco do Brasil, a Caixa Econômica, o BNDES, o BNB e o Basa, que foram criados para fomentar o desenvolvimento do nosso país.
Para garantir o crédito barato a quem quer produzir e gerar empregos.
E vocês viram que foram esses bancos que salvaram o nosso país na crise de 2008 e 2009.
Para financiar as obras de saneamento e a construção de apartamentos e casas para a população de baixa renda e a classe média.
Para apoiar a agricultura familiar e os pequenos e médios produtores rurais. Porque nenhum país será soberano se não cuidar de quem produz 70% dos alimentos que chegam na nossa mesa todo santo dia.
Defender a nossa soberania é defender as universidades e as instituições de apoio à ciência e à tecnologia dos ataques do atual governo.
Porque um país que não produz conhecimento, que persegue seus professores e pesquisadores, que corta bolsas de pesquisa e reduz os investimentos em ciência e tecnologia, este país está condenado ao atraso.
Nos nossos governos, nós mais que triplicamos os recursos direcionados para o CNPq, a Capes e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Eles saltaram de R$ 4 bilhões e 500 milhões em 2002, para R$ 13 bilhões e 970 milhões em 2015.
Já com o atual governo, esses investimentos recuaram outra vez para R$ 4 bilhões e 400 milhões, valor menor que aquele de 20 anos atrás.
Defender a soberania do Brasil é investir na infraestrutura capaz de transformar o país e a vida de seu povo, aumentar a produtividade da economia e criar as bases para o progresso e o futuro.
Mas o atual governo não cuida da infraestrutura que este país precisa.
Paralisaram obras importantes que estavam em andamento. Tentam se apropriar de outras que receberam praticamente concluídas.
É o caso da transposição do rio São Francisco, uma obra sonhada desde os tempos do império, que nós tornamos realidade para que 12 milhões de brasileiros tivessem finalmente água chegando a suas casas e jorrando de suas torneiras.
Nossos governos não só planejaram e conceberam a transposição, como fizemos 88% de todas obras. Mas eles tentam enganar o povo dizendo que foram eles que construíram as obras do São Francisco.
Defender a nossa soberania é defender a Amazônia da política de devastação posta em prática pelo atual governo.
Nos nossos governos, reduzimos em 80% o desmatamento da Amazônia, contribuindo para diminuir a emissão dos gases de efeito estufa que provocam o aquecimento global.
Mas os cuidados com o meio ambiente vão além da defesa da Amazônia e dos outros biomas.
É preciso voltar a investir em saneamento básico, como fizemos nos nossos governos.
Acabar com o esgoto a céu aberto e cuidar da destinação do lixo e das pessoas que vivem da coleta de materiais recicláveis.
Cuidar do meio ambiente é, antes de tudo, cuidar das pessoas. É buscar a convivência pacífica entre o desenvolvimento econômico e o respeito à flora, à fauna e aos seres humanos.
A transição para um novo modelo de desenvolvimento sustentável é um desafio planetário e vocês serão desafiados daqui para frente a pensar um outro modelo e um outro jeito de desenvolvimento.
Também nesse sentido, temos muito a aprender com os povos indígenas, guardiões ancestrais do meio ambiente.
Defender a nossa soberania é garantir a posse de suas terras aos povos indígenas, que estavam aqui milhares de anos antes da chegada dos portugueses, e que foram capazes de cuidar delas melhor do que ninguém.
E que agora estão vendo seus territórios invadidos ilegalmente por garimpeiros, grileiros e madeireiros.
O resultado desse crime continuado, que acontece com a conivência do atual governo, vai além da destruição de florestas e rios.
Compromete também a sobrevivência física dos povos indígenas, e não poupa sequer as crianças, como nós vimos recentemente numa aldeia Yanomami.
É dever do Estado garantir a segurança e o bem-estar de todos os seus cidadãos e cidadãs, que merecem e devem ser tratados com respeito.
Nunca um governo como este que está aí estimulou tanto o preconceito, a discriminação e a violência.
Nenhum país será soberano enquanto mulheres continuam a ser assassinadas pelo fato de serem mulheres.
Enquanto pessoas continuarem a ser espancadas e mortas por conta de sua orientação sexual.
Enquanto não forem combatidos com rigor o extermínio da juventude negra e o racismo estrutural que fere, mata e nega direitos e oportunidades.
Minhas amigas e meus amigos.
Somos o terceiro maior produtor mundial de alimentos. Somos o maior produtor de proteína animal do mundo.
Produzimos comida em quantidade mais do que suficiente para garantir alimentação de qualidade para todos. No entanto, a fome voltou ao nosso país.
Não haverá soberania enquanto 116 milhões de brasileiros sofrerem algum tipo de insegurança alimentar.
Enquanto 19 milhões de homens, mulheres e crianças forem dormir todas as noites com fome, sem saber se terão um pedaço de pão para comer no dia seguinte.
Não haverá soberania enquanto dezenas de milhões de trabalhadores continuarem submetidos ao desemprego, à precarização e ao desalento.
Nós fomos capazes de gerar mais de 20 milhões de empregos com carteira assinada e com todos os direitos garantidos.
Enquanto eles destruíram direitos trabalhistas e geraram mais desemprego e mais sofrimento na vida do povo trabalhador.
É preciso avançar numa legislação que garanta todos os direitos dos trabalhadores.
Que estimule a negociação em bases civilizadas e justas entre patrões, empregador e empregados, governo e, porque não dizer, até envolvendo as universidades.
Que contribua para criar melhores empregos, para fazer girar a roda da economia.
Não é possível que o reajuste da maioria das categorias profissionais fique abaixo da inflação, ao contrário do que acontecia em nossos governos.
Não é possível que o salário mínimo continue perdendo poder de compra ano após ano. Nos nossos governos, ele subiu 74% acima da inflação, aumentando o consumo e aquecendo a economia.
Se os trabalhadores não têm dinheiro para comprar, os empresários também não terão para quem vender. Isso leva ao que assistimos hoje: o fechamento de fábricas em São Paulo, na Bahia, na Zona Franca de Manaus e outras regiões, inclusive muitas multinacionais deixando o nosso país.
Precisamos também criar um ambiente fértil ao empreendedorismo, para que possam florescer o talento e a criatividade do povo brasileiro.
Este país precisa voltar a criar oportunidades, para que as pessoas possam viver bem, melhorar de vida e tornar seus sonhos realidade.
Hoje, vivemos uma situação desoladora. Um país cujo maior desejo de sua juventude é ir embora para o exterior em busca de oportunidades, esse país nunca será soberano.
Precisamos voltar a investir em educação de qualidade, da creche ao pós-doutorado.
Não haverá soberania enquanto a educação continuar a ser tratada como gasto desnecessário, e não como investimento essencial para fazer do Brasil um país desenvolvido e independente.
Nos nossos governos, triplicamos os investimentos em educação, que saltaram de R$ 49 bilhões de reais em 2002 para R$ 151 bilhões em 2015.
Mas o atual governo vem reduzindo os investimentos a cada ano. O resultado é que o orçamento do MEC para 2022 é o menor dos últimos dez anos no país.
Assim como a educação, também a saúde tem sido tratada com descaso pelo governo.
Hoje, faltam investimentos, profissionais de saúde e medicamentos. Sobram doenças e mortes que poderiam ser evitadas.
Não fossem o SUS e os corajosos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, a irresponsabilidade do atual governo nessa pandemia teria custado ainda muito mais vidas.
Um dos maiores orgulhos dos nossos governos foi cuidar com muito carinho da saúde do povo brasileiro.
Criamos o Samu, o Farmácia Popular, as UPAs 24 horas. Fizemos o Mais Médicos, e levamos profissionais da saúde às periferias das grandes cidades e às regiões mais remotas e longínquas do nosso país.
Nós praticamente dobramos o orçamento da saúde, que passou de R$ 64 bilhões e 800 milhões em 2003 para R$ 120 bilhões e 400 milhões em 2015.
Nenhum país será soberano se o seu povo não tiver acesso a saúde, educação, emprego, segurança e alimentação de qualidade. Mas a cultura também precisa ser tratada como um bem de primeira necessidade.
Não haverá soberania enquanto o atual governo continuar tratando a cultura e os artistas como inimigos a serem abatidos, e não como geradora de riqueza para o país e um dos maiores patrimônios do povo brasileiro.
Nós precisamos de música, cinema, teatro, dança e artes plásticas. Precisamos de livros em vez de armas.
A arte preenche a nossa existência. Ela é ao mesmo tempo capaz de retratar e reinventar a realidade. A vida como ela é, e como ela poderia ser.
Sem a arte, a vida fica mais dura, perde um dos seus maiores encantos. Por isso, nós vamos apostar muito na cultura e transformar a cultura numa indústria de fazer dinheiro e gerar emprego nesse país, para o povo viver dignamente.
Meus amigos e minhas amigas.
Durante nossos governos, promovemos uma revolução democrática e pacífica neste país. O Brasil cresceu, e cresceu para todos.
Combinamos o crescimento econômico com a inclusão social. O Brasil se tornou a sexta maior economia do planeta, e, ao mesmo tempo, referência mundial no combate à extrema pobreza e à fome.
Deixamos de ser o eterno país do futuro, para construirmos nosso futuro no dia a dia, em tempo real.
Mas o atual governo fez o Brasil despencar para a 12ª posição do ranking das maiores economias. E a qualidade de vida também caiu de forma assustadora, e não apenas para os mais necessitados.
Os trabalhadores e a classe média também foram atingidos em cheio pelo aumento descontrolado da gasolina, dos alimentos, dos planos de saúde e das mensalidades escolares, entre tantos outros custos que não param de subir.
Viver ficou mais caro.
Neste primeiro trimestre de 2022, a renda familiar dos brasileiros desabou para o menor nível dos últimos dez anos. O resultado é que praticamente 77,7% das famílias estão endividadas.
E o mais triste é que grande parte dessas famílias está se endividando não para pagar a viagem de férias com os filhos, ou a reforma da casa própria, ou a compra de uma televisão ou de uma geladeira.
Elas estão se endividando para comer.
Ou seja: o Brasil voltou a um passado sombrio que havia superado.
É para conduzir o Brasil de volta para o futuro, nos trilhos da soberania, do desenvolvimento, da justiça e da inclusão social, da democracia e do respeito ao meio ambiente, que nós todos aqui precisamos assumir o compromisso de voltarmos a governar este país.
O grave momento que o país atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos obriga a superar eventuais divergências para construirmos juntos uma via alternativa à incompetência e ao autoritarismo que nos governam.
Nunca me esqueço das palavras do saudoso Paulo Freire, o maior educador brasileiro de todos os tempos, uma das principais referências da pedagogia mundial, cujo centenário de nascimento comemoramos justamente em 2022.
Dizia o nosso querido Paulo Freire:
“É preciso unir os divergentes, para melhor enfrentar os antagônicos.”
Vocês perceberam que parece que o Alckmin tinha lido a mesma frase do Paulo Freire quando ele fez o discurso dele, e nem eu sabia do discurso do Alckmin, nem ele sabia do meu.
Vocês percebem que nós estamos pensando muito parecido e vocês vão perceber que o prato chuchu e lula vai ser um prato extraordinário, que vocês vão poder começar a comer hoje, aqui em São Paulo.
E voltando aos estados de vocês, comam bastante, porque o Brasil vai precisar de muita saúde. Tem muita, muita energia esse prato, vocês podem ter certeza disso.
Sim, queremos unir os democratas de todas as origens e matizes, das mais variadas trajetórias políticas, de todas as classes sociais e de todos os credos religiosos.
Para enfrentar e vencer a ameaça totalitária, o ódio, a violência, a discriminação, a exclusão que pesam sobre o nosso país.
Queremos construir um movimento cada vez mais amplo de todos os partidos, organizações e pessoas de boa vontade que desejam de volta a paz e a concórdia ao nosso país.
Este é o sentido da nossa união, da união progressista, que envolve os companheiros do PT, PC do B, PV, PSB, PSOL, Rede e Solidariedade.
Todos dispostos a trabalhar não apenas pela vitória em 2 de outubro, mas pela reconstrução e pela transformação do Brasil, que será mais difícil do que ganhar as eleições.
Tenho o orgulho e muito orgulho de contar com o então companheiro Geraldo Alckmin nessa nova jornada.
Alckmin foi governador enquanto eu era presidente. Somos de partidos diferentes, fomos adversários, mas também trabalhamos juntos e mantivemos o diálogo institucional e o respeito pela democracia.
Tive em Alckmin um adversário leal. E estou feliz por tê-lo na condição de aliado, um companheiro cuja lealdade sei que jamais faltará –nem a mim, e muito menos a vocês e ao Brasil.
Queridos amigos e queridas amigas.
Quando governamos o país, o diálogo foi a nossa marca registrada.
Criamos importantes mesas de negociação e conselhos de participação da sociedade civil junto a todos os ministérios.
Além disso, realizamos 74 conferências, em âmbito municipal, estadual e nacional, com a participação de milhões de pessoas, para discutir os mais diferentes temas: saúde, educação, juventude, igualdade racial, direitos da mulher, comunicação e segurança pública, e tantos outros.
Dessa extraordinária experiência democrática e participação popular nasceram parte das várias políticas públicas que nós conseguimos implantar e mudar o Brasil.
Agora precisamos de novo mudar o Brasil.
Vamos precisar convocar tudo outra vez. Chamar todas as pessoas.
A nossa sorte é que algumas pessoas já não existem mais, mas nós renascemos nos nossos filhos, renascemos nos nossos netos, renascemos nos nossos bisnetos e nós vamos encontrar uma juventude mais ávida, com mais vontade de lutar, do que aqueles que lutaram no nosso governo.
Para isso, em vez de promessas, apresento o imenso legado de nossos governos. Fizemos muito mais, fizemos muito, mas tenho consciência de que ainda é preciso, e é possível, fazer muito mais.
Precisamos novamente colocar o Brasil entre as maiores economias do mundo.
Reverter o acelerado processo de desindustrialização do país.
Criar um ambiente de estabilidade política, econômica e institucional que incentive os empresários a investirem outra vez no Brasil, com garantia de retorno seguro e justo, para eles, para o país e para o povo trabalhador.
Fui vítima de uma das maiores perseguições políticas e jurídicas da história deste país, fato reconhecido pela Suprema Corte brasileira e pela Organização das Nações Unidas.
Mas não esperem de mim ressentimento, mágoas ou desejos de vingança.
Primeiro, porque não nasci para ter ódio, nem mesmo daqueles que me odeiam.
Mas também porque a tarefa de restaurar a democracia e reconstruir o Brasil exigirá de cada um de nós um compromisso de tempo integral.
Não temos tempo a perder odiando quem quer que seja.
Não faremos jamais como o nosso adversário, que tenta mascarar a sua incompetência brigando o tempo inteiro com todo mundo, e mentindo sete vezes por dia. A verdade liberta, e o Brasil precisa de paz para poder progredir.
Queridas amigas e queridos amigos.
Em setembro próximo, o Brasil completa 200 anos de Independência. Mas poucas vezes na história a nossa independência esteve tão ameaçada.
Felizmente, vamos comemorar o 7 de Setembro a menos de um mês das eleições de 2 de outubro, quando o Brasil terá a oportunidade de reconquistar a sua soberania.
Quando o Brasil terá a oportunidade de decidir que país vai ser pelos próximos anos, e pelas próximas gerações.
O Brasil da democracia ou do autoritarismo? Da verdade ou das sete mentiras contadas todo dia? Do conhecimento e da tolerância ou do obscurantismo e da violência? Da educação e da cultura ou de revólveres e fuzis?
Um país que fortaleça e incentive a sua indústria ou assista parado à sua destruição? Um país exportador de bens de valor agregado ou o eterno exportador de matéria-prima?
O país do Estado de bem-estar social ou o país do Estado mínimo, que nega o mínimo à maioria da população?
O país que defende o seu meio ambiente, ou o que abre a porteira para passar a boiada?
O Brasil que garante saúde, educação e segurança para todos os brasileiros e brasileiras, ou somente o país que garante esse direito para os mais ricos?
Nunca, nunca, foi tão fácil escolher. Nunca foi tão necessário a gente fazer a escolha certa.
Mas é preciso dizer com toda clareza: para sair da crise, crescer e se desenvolver, o Brasil precisa voltar a ser um país normal, no mais alto sentido da palavra.
Não somos a terra do faroeste, onde cada um impõe a sua própria lei. Não.
Temos a lei maior, a Constituição, que rege a nossa existência coletiva, e ninguém, absolutamente ninguém, está acima dela, ninguém tem o direito de ignorá-la ou de afrontá-la.
A normalidade democrática está consagrada na Constituição. É ela que estabelece os direitos e obrigações de cada Poder, de cada instituição, de cada um de nós.
É imperioso que cada um volte a tratar dos assuntos da sua competência. Sem exorbitar, sem extrapolar, sem interferir nas atribuições alheias.
Chega de ameaças, chega de suspeições absurdas, chega de chantagens verbais, chega de tensões artificiais.
O país precisa de calma e tranquilidade para trabalhar e vencer as dificuldades atuais. E decidirá livremente, no momento que a lei determina, quem deve governá-lo.
Nós queremos governar para trazer de volta o modelo de crescimento econômico com inclusão social que fez o Brasil progredir de modo acelerado e que tirou 36 milhões de brasileiros e brasileiras da extrema pobreza.
Queremos voltar para que ninguém nunca mais ouse desafiar a democracia. E para que o fascismo seja devolvido ao esgoto da história, de onde jamais deveria ter saído.
Nós temos um sonho. Somos movidos a esperança. E não há força maior que a esperança de um povo que sabe que pode voltar a ser feliz.
A esperança de um povo que sabe que pode voltar a comer bem, a ter um bom emprego, um salário digno e direitos trabalhistas. Que pode melhorar de vida e ver seus filhos crescendo com saúde até chegar à universidade e virar doutor.
É preciso mais do que governar. É preciso cuidar. E nós vamos outra vez cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro.
Queridos companheiros e companheiras.
O que nós estamos fazendo aqui hoje é mais do que um ato político, essa é uma conclamação. Aos homens e mulheres de todas as gerações, todas as classes, todas as religiões, todas as raças, todas as regiões do país. Para que a gente possa lutar, reconquistar a democracia e recuperar a nossa soberania.
E eu tenho certeza que vocês e outros milhões que estão nos assistindo, e outros milhões que ainda têm dúvidas, e outros milhões que ainda respondem “não sei”, eu tenho certeza que, a hora que começar o trabalho de viajar pelo Brasil, de conversar com o povo e cada um de vocês começar a falar a verdade para esse país, eu tenho certeza que nós vamos conseguir fazer a maior revolução pacífica que a história do mundo conhece.
Eu quero outra vez agradecer a vocês, agradecer a cada um de vocês. Quando eu vi o Requião aqui e vi toda a briga do Requião em defesa da soberania nacional, eu queria te dizer, companheiro Requião, que você é um jovem de 81 anos de idade e, pelo que eu te conheço, você vai viver o suficiente para a gente comemorar junto numa praça pública a recuperação da soberania brasileira, a recuperação da industrialização desse país, a recuperação da liberdade de cada um ser o que quiser, como quiser, de cada um ser democrático.
Eu sonho com isso.
Por isso, estou voltando a essa briga.
Por isso, eu quero terminar dizendo: companheira Dilma, que bom que você está aqui. Porque tem muita gente que, na perspectiva de criar confusão entre nós dois, fala assim para mim “ah, você vai levar a Dilma para o ministério?, você vai levar o Zé Dirceu para o ministério?”. Nem eu vou levar, e jamais a Dilma caberia num ministério. Porque a Dilma tem a grandeza de ter sido a primeira mulher a ser presidenta da história deste país.
Eu quero te dizer, Dilma, que você não vai ser minha ministra, mas você vai ser minha companheira de todas as horas, como você foi desde o dia que nós nos conhecemos. As pessoas deste país precisam aprender o que é relação de companheirismo, o que que é relação de amizade.
Eu quero dizer para todos vocês: eu quero voltar efetivamente com o coração mais brando do que eu já tive em qualquer momento. A presença da Janja aqui e o que ela falou é a consagração: eu estarei casando esse mês e, portanto, vocês têm que saber que um cara que tem 76 anos e está apaixonado como estou, que está querendo casar, só pode fazer o bem para esse país que tem tanta gente com a cabeça doente e nós vamos curar esse país.
Companheiros e companheiras, eu quero terminar agradecendo a todos vocês que vieram para cá, a todos os companheiros e companheiras, mas sobretudo agradecer ao pessoal que trabalhou à noite para organizar isso aqui. A gente chega aqui e está tudo montadinho, carpete, tudo, mas teve um grupo de pessoas que a gente nem conhece, que trabalhou até a hora que nós começamos a falar para que a gente pudesse realizar esse nosso sonho.
A partir de agora, se preparem, porque nós vamos começar a percorrer esse país. E nós queremos muita gente na rua, nós queremos muitos aliados.
E ninguém pode ter medo de provocação. É proibido ter medo de provocação. É proibido ter medo de fake news. É proibido ter medo de provocações via zap, via Instagram. Nós vamos vencer essa disputa pela democracia distribuindo sorrisos, distribuindo carinho, distribuindo amor, distribuindo paz e criando harmonia.
Um abraço companheiros e até o dia 2 de outubro, se Deus quiser.
Eu tenho certeza que nós precisamos muito que Deus abençoe a todos nós, que Deus abençoe o país, porque esse país está precisando da graça para poder se livrar desse autoritarismo que nós temos governando.
Do fundo do coração, um beijo para todos vocês.