A tarifa para voos domésticos teve alta de 10,8% nos últimos cinco anos nos aeroportos do Ceará. No período da crise, em 2014, o valor médio do bilhete aéreo ficava em R$ 382,84. Já no primeiro trimestre deste ano, subiu para R$ 424,30, conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Entram no cálculo do custo componentes como o preço dos combustíveis, que corresponde a 32% da composição de valores, e impostos.
 Além disto, questões macroeconômicas e cambiais impactam no setor aéreo, pressionando os aumentos repassados ao consumidor. Isso porque 51% dos custos da aviação brasileira são dolarizados. Apesar de alta neste recorte de tempo, houve uma redução no valor médio pago por passageiros nos primeiros três meses de 2019 ante 2018, caindo 19% no Estado.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, explica que a recuperação judicial da companhia Avianca impacta no cenário atual. No entanto, as projeções para o próximo ano são de arrefecimento do preço das passagens.
“Na nossa avaliação, 2020 deve ser um ano para a indústria e de retomada de crescimento. Ano que vem, podemos viver algum cenário de recuperação econômica e de recolocação da oferta, que nós perdemos com a quebra da Avianca, são dois fatores positivos contra um de risco, que é a subida do dólar”, analisa.
O Ceará tem uma política de incentivos fiscais implementada que reduziu o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A cobrança foi zerada em 2017 para o hub no Aeroporto de Fortaleza. Já em 2018, a base de cálculo do ICMS diminuiu 64% nas operações de aéreas no interior cearense, com destino aos três aeroportos de Jericoacoara, Juazeiro do Norte ou Aracati.
Ele acrescenta que, no Ceará, o panorama também é positivo. “Neste ano, houve uma queda das tarifas, comparado com o ano anterior. Creio que isso se deve ao fato de que o Ceará observou um crescimento por conta de um conjunto de políticas corretas do Estado. O Governo tem isso exemplar com sua ação de redução de impostos e captação de voos”, apontou, durante o 28º Congresso Brasileiro de Empresas e Profissionais de Eventos é uma realização da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc).
Outro ponto que tornou a passagem aérea mais cara para o consumidor foi a cobrança de taxas para o despacho de bagagens, que entrou em vigor em junho de 2017. À época, a promessa era de que isso diminuiria. Algo que não foi observado pelos passageiros. Segundo Eduardo, as companhias brasileiras já têm uma situação de custos muito enxuta para viabilizar tarifas mais competitivas.
“Se as low costs (companhias aéreas de baixo custo) vierem para o Brasil, mesmo a mais barata do mundo seria seria 24% mais cara em relação ao que é na Europa”, exemplifica. “Uma empresa que se instale aqui, não importa se ela tem capital que veio do Catar, Munique ou de Nova York, ela vai pagar o combustível que a gente paga, os salários, os custos trabalhistas que temos, os custos judiciais inflados incorretamente. O ambiente é o mesmo para qualquer um”, ponderou.
Ele lembra que as que já atuam no Brasil operam apenas voos internacionais para Argentina, Chile e Londres, por exemplo. E ainda não há sinal de low cost querendo se instalar para voar no mercado doméstico brasileiro.
A empresária Enid Câmara de Vasconcelos, presidente da Prática Eventos e da Associação Brasileira de Empresas de Eventos do Ceará (Abeoc), destacou que a logística área reflete no segmento.
“O setor de eventos representa da compra dos bilhetes, porém, por não podermos comprar com antecedência, acabamos pagando mais caro. Somos um setor da maior relevância econômica, mas, para nós, ainda é muito mais caro, porque não conseguimos antecipar tanto. Não conseguimos, por exemplo, planejar tanto a agenda de um palestrante. Isso é um exemplo do que a gente precisa avançar e políticas para melhorar”, cita.