Ao menos duas das bibliotecas Farol do Saber se encontram desativadas em São Luís. No bairro do Vinhais, a Biblioteca Maurice Druon está abandonada, tomada pelo mato e já sem acervo e equipamentos. No bairro de Fátima, a Biblioteca Padre João Mohana, sem nenhum acervo de livros, serve para o pastor evangélico amealhar fieis.
A maioria das bibliotecas antes denominadas Farol da Educação foi criada no primeiro mandato da governadora Roseana Sarney (1998-2002). Sua arquitetura lembra um livro aberto com um farol e foi copiada de um projeto do Paraná. A primeira inaugurada em 1997 foi instalada no Maiobão, município de Paço do Lumiar. Inaugurada com pompa, a solenidade teve participação de representantes da Academia Brasileira de Letras.
Daí em diante seis desses equipamentos foram instalados em bairros de São Luís. Em todo o estado existem 82 faróis, vinculados à Secretaria de Estado da Educação, mas administrados pela Secretaria de Estado da Cultura por meio do Sistema Estadual de Bibliotecas Pública da Biblioteca Pública Benedito Leite.
O farol Padre João Mohana, construindo ainda no governo Roseana, foi entregue reformado pelo governador Flávio Dino em novembro de 2019. A crise da pandemia fez com que o pastor se apropriasse do espaço público para suas atividades religiosas. Para a secretaria de Estado da Educação o custo médio para construção e compra de equipamentos de um farol do saber oscila em torno de R$ 200 mil. Na reforma do Farol Genova Pia, no bairro Renascença, foram gastos R$ 154 mil.
“Os faróis são uma ação inovadora. Está completando 25 anos da inauguração do primeiro farol e até hoje eles são destaque no Brasil e até mesmo internacionalmente. As atividades em torno da leitura é uma das suas inovações. O encontro mágico às sextas-feiras e sábados com participação de estudantes da rede pública e privada é uma delas”, acentua Cássia Furtado, Pós-Doutorada em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais, pela Universidade de Aveiro e Universidade do Porto, em Portugal (2013) e professora do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão. Cássia Furtado proferiu palestra sobre a experiência do Farol da Educação em Portugal.
Acervo
A organização do acervo, implantação da biblioteca e treinamento dos funcionários desde os primeiros está sob a responsabilidade da Secretaria de Educação do Estado, Seduc. Integram o sistema de bibliotecas escolares. Após a implantação, as prefeituras passavam a manter a biblioteca, supervisionada pelas gerências regionais, quando estas existiram na estrutura do Governo do Estado.
As bibliotecas Farol da Educação (Saber) foram implantadas em locais estrategicamente escolhidos, obedecendo a dois critérios básicos: primeiro, em comunidades carentes de instituições de cultura e leitura, como bibliotecas e livrarias, teatros, cinemas. O segundo critério, era a existência de número significativo de escolas da Rede Estadual nas circunvizinhanças.
Cada unidade do projeto tinha um acervo de cinco mil livros. O acervo contava de livros didáticos, livros para formação profissional para professores, obras de referências (dicionários, enciclopédias, bibliografias), literatura adulto, juvenil e infantil, jornais (nacionais e locais) e revistas de cultura geral e ainda acervo multimídia (DVD, fitas, jogos educativos). Entre os funcionários estavam bibliotecários, pedagogos, técnicos em bibliotecas e professores para desenvolvimento de atividades culturais como palestras e leituras de histórias.
Quem foi Maurice Druon
Maurice Druon foi um escritor francês e decano da Academia Francesa de Letras. Nasceu em Paris, em 23 de abril de 1918 e tinha entre seus antepassados um bisavô brasileiro, o escritor, jornalista e político maranhense Odorico Mendes (1799-1864), que se notabilizou como tradutor de Homero e Virgilio.
Licenciado em ciências políticas, durante a II Guerra Mundial, foge, através de Espanha e Portugal, para se juntar às fileiras da Resistência francesa em Londres. Herói da Resistência francesa, cavaleiro do Império Britânico e condecorado com a Grã-Cruz da Legião de Honra Francesa, foi também membro da Academia Francesa e é unanimemente considerado um dos maiores romancistas franceses. Ocupou o cargo de ministro da Cultura em França em 1973 e 1974. Entre os seus muitos e diversos assumidos fãs estão George R. R. Martin, Nicolas Sarkozy e Vladimir Putin.
George R.R. Martin reconhece Maurice Druon como seu herói
Além das sete obras, Druon ainda é muito conhecido pelo seu único livro infantil, o clássico O menino do dedo verde. Segundo Dom Marcos Barbosa, tradutor do livro para o português, “a obra não transcende apenas as fronteiras dos países, mas também as fronteiras das idades.”
Onde tem Farol da Educação na Grande São Luís:
Maiobão (primeiro a ser inaugurado em julho de 1997) – Biblioteca Josué Montello
Vinhais – Biblioteca Maurice Druon
Filipinho – Biblioteca Gonçalves Dias
Renascença – Biblioteca Genoveva Pia
Anjo da Guarda – Biblioteca Antonio Machado Neves da Costa
Bairro de Fátima – Biblioteca Padre João Mohana
Cidade Operária – Biblioteca Sousândrade