Em 2017, o então deputado de primeiro mandato André Fufuca (PP-MA) viveu momentos de fama ao assumir interinamente a presidência da Câmara dos Deputados. À época, Fufuca tinha apenas 28 anos, ocupava a cadeira de segundo vice da Casa e era considerado um pupilo de Eduardo Cunha (MDB-RJ), ex-deputado que encabeçou o processo de impeachment contra Dilma Rousseff e que acabou cassado e preso pela operação Lava-Jato.
Seis anos depois, Fufuca segue bem próximo às rodas de poder. Ele ocupa, pela segunda vez, a função de líder do Progressistas na Câmara e é braço-direito do presidente Arthur Lira e do senador Ciro Nogueira, dirigente de seu partido. De acordo com parlamentares que acompanham de perto a atuação do deputado, Fufuca atua como uma espécie de fio condutor das demandas de Lira e Nogueira no Parlamento. Além disso, sob sua gestão, o PP entrega mais de 80% de votos pró-governo na Câmara.
Por isso, nos últimos meses ele foi diversas vezes cotado a assumir postos de influência – mas, até aqui, acabou batendo na trave. Fufuca era tido o nome certo para presidir a CPMI do 8 de janeiro, mas, de última hora, foi preterido.
Oficialmente, ele diz que recusou a indicação em decorrência da extrema polarização no Congresso. O real motivo, porém, foi que Lira vetou a ida dele ao comando do colegiado, em uma estratégia para se descolar de de eventuais desgastes provocados pelas investigações. Em outra frente, o presidente da Câmara deu andamento à CPI das Americanas, de autoria de Fufuca.
Formado em medicina, o deputado também foi cotado a assumir a relatoria do novo arcabouço fiscal, um dos projetos prioritários do governo Lula. O posto, no entanto, acabou sendo entregue a outro congressista do PP.
Agora, em meio às negociações ministeriais, o nome de Fufuca voltou a ganhar força. Ele foi o indicado de seu bloco partidário para assumir uma cadeira no alto escalão do governo – o ministério dos sonhos é o do Social, hoje comandando por Wellington Dias, adversário político de Ciro Nogueira no Piauí. Há dúvidas, no entanto, se Lula vai desalojar o petista para abrir espaço para o aliado de Nogueira, fiel seguidor do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Após manter tratativas com o chefe da Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, há uma expectativa de que Fufuca e o presidente se reúnam na próxima semana para tratar das mudanças. Pode ser, enfim, a consagração do jovem deputado neste ano.
De VEJA