Fluminense e Manchester City se enfrentam hoje, às 15h (horário de Brasília), pela final do Mundial de Clubes. Independentemente da ausência dos astros Erling Haaland e Kevin De Bruyne pelo lado dos ingleses, cortados por causa de lesão, os protagonistas da decisão são os técnicos Fernando Diniz e Pep Guardiola. A partida opõe não somente os campeões da Libertadores e da Liga dos Campeões, mas também dois dos principais expoentes de conceitos diferentes, tornando o duelo também um encontro de ideias do futebol moderno.
Guardiola teve bons momentos na carreira como jogador, com participação em Copa do Mundo, mas foi como treinador que revolucionou o futebol. O espanhol assumiu o Barcelona em 2008 e aprimorou um estilo de jogo que ao longo dos anos ganhou a alcunha de futebol posicional. Criado pelo técnico holandês Rinus Michels e desenvolvido por Johan Cruyff, o conceito tem como base criar zonas dentro do campo, com jogadores ocupando posições específicas para sempre haver opções de passe. O time ganha superioridade numérica no campo adversário e progride com a bola por meio de triangulações.
O modelo passou a ser estudado com maior afinco após o sucesso de Guardiola no comando do Barcelona. Entre 2008 e 2012, ele conquistou 14 títulos com os catalães (incluindo duas Liga dos Campeões) e foi o responsável por mudar a carreira de Lionel Messi, tirando o craque argentino da ponta-direita para transformá-lo em falso camisa 9. O argentino chegou a dizer que o técnico espanhol “fez mal” ao futebol mundial por fazer parecer simples a maneira de jogar daquele Barcelona.
Fã da escola brasileira de futebol, Guardiola diz se impressionar com o Fluminense de Diniz, que joga, na avaliação do espanhol, de maneira semelhante à da seleção brasileira de 1982. “Do jeito como eles jogam, nós nunca enfrentamos um time assim”, afirmou. “Não é posicional, eles se mexem muito. A bola se move de um lado para o outro.”
O treinador do poderoso time inglês fez elogios ao rival carioca e mencionou conhecer Marcelo, Felipe Melo e outros atletas do Flu. “Conheço exatamente o talento e a qualidade do Fluminense e o que eles podem fazer. Eles venceram times da Argentina, Colômbia e Uruguai. Respeito os jogadores pelo que fazem.”
Estilos diferentes
Fernando Diniz se projetou no cenário nacional também valorizando a troca de passes e a ampla posse de bola, mas com um conceito oposto ao do colega espanhol. Diferentemente do jogo posicional, o brasileiro é adepto de estilo mais funcional, com atletas migrando de posição e atuando de maneira livre, abrindo espaço para jogadas individuais e lances de improviso. Parece uma bagunça, mas não é. O Fluminense tem entre as suas características, por exemplo, o preenchimento de espaço com três jogadores ou mais, circulando menos a bola e, assim, indo na contramão do futebol posicional.
“Por conta de gostar de ter a bola, as pessoas me associam ao Guardiola. Mas para aí a comparação. A maneira de ele ter a bola é o oposto da minha. É um jogo mais livre, a gente se aproxima nos setores do campo e há trocas de posição. Acho que isso tem a ver mais com a cultura do nosso futebol”, explicou Diniz.
Ele vai repetir a escalação que começou o duelo diante do egípcio Al Ahly, que o Flu derrotou por 2 a 0 para alcançar a decisão. O talismã John Kennedy, portanto, fica mais uma vez como opção no banco de reservas.
Resta saber se a estrela do jovem atacante, decisivo na decisão da Libertadores contra o Boca Juniors e na semifinal do Mundial, vai brilhar de novo.
De O Estadão