Uma reunião virtual com representantes de partidos e organizações sindicais, populares e sociais das mais importantes frentes de esquerda foi realizada no dia de ontem, com a participação de cerca de 100 pessoas.
Participaram da reunião dirigentes de partidos como PT, PCdoB, PCO, PSOL, UP, PCB, PSTU, REDE, PSB e PDT; movimentos e entidades nacionais como ANATORG (Torcidas Organizadas), MST, CMP, FNL, MTST, OAB, CNBB, CONIC, UNE, ABJD, UBES, FENET, Comitê Lula Livre, Marcha Mundial das Mulheres; entidades sindicais nacionais como a CUT, CGTB, UGT, CTB, Conlutas, Intersindical, Força Sindical e CONTAG; além de entidades locais como o Comitê Popular Fora Bolsonaro/DF, Comitê Marisa Letícia, CMP, Antifas, DCE-UnB, Sinpro/DF, Bancários/DF, SindSa úde-DF.
O objetivo da reunião era debater as propostas dos diversos setores em torno da possibilidade de uma ação comum em torno da campanha Fora Bolsonaro.
O impasse da esquerda
A reunião refletiu o impasse que domina a maioria da esquerda explicitamente contrárias à política de lutar pelo Fora Bolsonaro mas que aderiram há pouco tempo, de um ponto de vista formal, essa política diante da intensificação do atritos no interior da burguesia, entre as ala bolnosaristas e a ala golpista que não participa diretamente do governo.
Evidenciou-se, nas últimas semanas, que esses setores da esquerda adotou apenas o “Fora Bolsonaro” (com variantes) diante da pressão dos acontecimentos e porque tinham a ilusão de que a maioria da direita fosse também adotar o “Fora Bolsonaro” e trabalhar pela derrubada do governo, diante do agravamento da crise econômica. Coisa que a situação comprovou, sem sombra de dúvida, não está colocada, nesse momento.
Por isso mesmo esses setores adotam como modelo a campanha das Diretas Já, de 1984/85, em sua pior fase, quando essa já havia sido totalmente dominada pelas alas ligadas ao regime militar e transformada em uma campanha que visava evitar a revolta popular contra a ditadura (“abaixo a ditadura”) e canalizar o movimento para apoiar a chapa ultra reacionária de Tancredo e Sarney no Colégio Eleitoral da ditadura. Essa posição defendida em várias fóruns pelo ex-candidato presidencial do PSOL, Guilherme Boulos, foi explicitamente apoiada na reunião dessa terça pelo presidente da CGTB (ligada ao MDB), Bira, que foi um dos mais inflamados defensores da frente ampla com golpistas, na qual segundo ele “FHC tem que estar”.
Na reunião os principais representantes dessa politica procuram apresentar um “quadro cor de rosa”em que a situação estaria ficando insuportável para Bolsonaro, pois “o caso Queiróz muda a conjuntura”, como o presidente do PDT, Carlo Lupi, durante o encontro e se limitaram a anunciar atos e lives da frente ampla com FHC, representantes da Globo etc. ou seja, mais da mesma política de seguir apoiando a política dos golpistas que querem “controlar” Bolsonaro ou, no máximo, trocar Bolsonaro por Mourão (em acordo com o primeiro, por meio de sua renúncia) como cogitou o “democrata” Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, um dos principais articuladores do golpe de Estado, da prisão de Lula e de todas as “reformas” contra os trabalhadores.
A favor da mobilização
Em nome da frente a favor do impeachment Já – Fora Bolsonaro, o PT, por meio de sua presidenta, deputada Gleisi Hofmann defendeu a proposta de realizar uma jornada de luta por Fora Bolsonaro, contemplando atividades as mais variadas o que incluía três dias de atividades, começando na sexta-feira, com Dia Nacional de Mobilização: “Impeachment Já, Fora Bolsonaro!” (com eventos como assembleias nas fábricas e outros locais de trabalho, tuitaço, panfletagens, distribuição de adesivos, carros de som nos bairros populares, colocação de faixas pelas cidades, colagem de lambe lambe, panelaço etc.). No dia seguinte, foi porposta a realização de uma superlive “Fora Bolsonaro, Impeachment já” com artistas, dirigentes políticos, intelectuais, parlamentares, militantes e artistas. Por fim, no domingo, uma convocação para sair às ruas com as torcidas antifascistas por “Impeachment Já, Fora Bolsonaro”.
A proposta da frente foi debatida, alterada, com a inclusão de uma plenária nacional on line no sábado, proposta pelo dirigente do MST, João Pedro Stédile, que não altera significativamente a proposta da frente pelo impeachment e com o adiamento da data da jornada para os dias 10 a 12 de julho.
Houve uma clara tentativa de setores da frente ampla, lideradas pelo PCdoB, de se opor ao chamado unitário para os atos de rua, ao que se opuseram representantes do PCO, UP, PSTU, CMP entre outros, ficando estabelecido o acordo de que todas as atividade sejam divulgadas, incluídas aquelas que não são apoiadas por todos os setores, como o caso das atividades exclusivamente virtuais, que não contam com o apoio do PCO e outros setores da esquerda.