O escritor colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014), prêmio Nobel de Literatura em 1982, teve dois filhos, Rodrigo e Gonzalo, com Mercedes Barcha, como se sabe. O que acaba de ser revelado é que ele também teve uma filha, Indira, batizada em homenagem à primeira-ministra indiana assassinada em 1984, Indira Gandhi, a quem o autor de “Cem anos de solidão” havia conhecido em 1983, em Nova Delhi.
García Marquez teve esta filha com a jornalista mexicana Susana Cato, com quem colaborou em vários roteiros cinematográficos, segundo informou, nesta segunda-feira (17), o jornal El Universal, da cidade colombiana de Cartagena de Indias. Em um artigo de Gustavo Tatis Guerra, o grande especialista em García Márquez, assegura que confirmou a informação com familiares do escritor e que a notícia se manteve em segredo durante anos por respeito a Mercedes Barcha, falecida em 15 de agosto de 2020.
Susana Cato, nascida em 1960, na Cidade do México, escreveu, com García Márquez e Eliseo Alberto Diego, o roteiro do filme “Con el amor no se juega” e, com o escritor, o roteiro do curta-metragem “El espejo de dos lunas”. Cato também escreveu roteiros para rádio, contos e peças de teatro. Trabalhou como repórter e crítica de cinema na revista “Processo” e entrevistou García Márquez para a revista “Cambio” em 1996.
Indica Cato é produtora de cinema e ganhou vários prêmios com o documentário “Llévate mis amore”, dirigido por Arturo González Villasenor, do qual também foi roteirista. Dirigiu também o curta-metragem “¡Qué grande eres, magazo!”, sobre o ilusionista e mágico Julio Ulises Hijuelos Cervera. Estudou Literatura Dramática e Teatro na Universidade Autônoma do México (UNAM), colaborou, como crítica de cinema, com o site Butaca Ancha e participou do livro “Cine político en México (1968-2017)”.
Cato decidiu carregar o sobrenome da mãe e não pedir nada a García Márquez, segundo El Universal. Guillhermo Angulo, um dos maiores amigos de Gabo, declarou que ainda que o escritor não tenha reconhecido a filha, sempre esteve próximo dela e “lhe deu uma casa em uma vizinhança muito bonita da Cidade do México e um carro”.
Um dos maiores nomes do chamado realismo mágico latino-americano, Garcia Márquez começou sua carreira como jornalista no El Espectador, em Medellín, publicou seu primeiro romance em 1955, intitulado “A revoada (O enterro do diabo)”. Depois de temporadas em Genebra, Roma e Paris, publicou “Ninguém escreve ao coronel” (1961) e “O veneno da madrugada (A má hora)” (1962). De volta à América, instalou-se na Venezuela e, após o triunfo da Revolução, em Cuba. Passado um período em Nova York, mudou-se para a Cidade do México, onde também trabalhou com publicidade.
Em 1967, lança o romance que o fez famoso no mundo todo, “Cem anos de solidão”, no qual trabalhou por mais de um ano. Pouco depois, mudou-se para Barcelona, onde escreveu “O outono do patriarca” (1975). Em 1982, ganhou o Nobel de Literatura. De sua produção literária posterior, destacam-se “O amor nos tempos do cólera” (1985), “O general em seu labirinto” (1989) e “Notícias de um sequestro” (1996). Em 2002, lançou “Viver para contar”, relato autobiográfico de sua infância e adolescência. Publicou ainda “Memórias de minhas putas tristes” (2004) e “Eu não vim fazer um discurso”.