Ao fim do primeiro dia do processo civil contra a TÜV SÜD, em Munique, na Alemanha, os advogados que representam as vítimas do desastre da barragem de Brumadinho (MG) consideraram o início “positivo”. “Estamos confiantes no nosso processo. Esperamos justiça para essas vítimas”, disse ao Broadcast Catarina Ferraz, uma das advogadas do escritório PGMBM, que está na cidade alemã. O caso foi aberto ontem no Tribunal Distrital de Munique.
Os requerentes buscam indenizações relacionadas ao desastre, e uma decisão declaratória de que a TÜV SÜD é obrigada a compensar todos os danos adicionais relacionados à tragédia. O rompimento da barragem, em 2019, liberou cerca de 13 milhões de metros cúbicos de lama de minério tóxica, causando desastre humanitário e ambiental que resultou na morte de 270 pessoas.
A primeira audiência, ontem, teve a presença de testemunhas do caso – entre elas parentes de vítimas e o prefeito de Brumadinho. Segundo a advogada, foram discutidos os pontos controvertidos do processo e sobre o que as partes concordam e discordam. Está previsto que em 1.º de fevereiro de 2022 haja uma decisão sobre o caso. Pode ser uma sentença, uma ordem para a obtenção de novas provas ou depoimentos de testemunhas, ou novas etapas ainda não definidas. “Essa audiência foi um passo muito grandes para o processo porque finalmente vamos discutir a responsabilidade da empresa. Tivemos três juízes que estudaram o processo, demonstraram um conhecimento detalhado do que passamos”, disse Catarina.
Entre as vítimas estava a engenheira Izabela Barroso Cãmara Pinto, de 30 anos, que trabalhava para a operadora de barragens Vale. “Nada pode trazer de volta a minha irmã. Estou triste e com raiva”, declarou o irmão dela, Gustavo Câmara. “A TÜV SÜD não está assumindo suas responsabilidades. Eles certificaram a barragem como segura, quando na verdade não era. A TÜV SÜD tem de admitir sua responsabilidade e pagar uma compensação adequada a todas as vítimas”, afirmou.