Segundos após perder para o Liverpool por 1 a 0 a final do Mundial de Clubes, os jogadores do Flamengo se reuniram no centro do campo. Juntos, caminharam de forma bem lenta para o setor atrás do gol em que Roberto Firmino decidiu a partida no Qatar.
Ergueram as mãos para as cadeiras onde estava concentrada a maioria de seus torcedores, que agradeceram de volta o gesto dos jogadores.
O sonho do segundo título mundial flamenguista morreu neste sábado (21), em Doha, diante dos campeões europeus em um dos melhores jogos da história do torneio.
Da forma como o técnico Jorge Jesus havia previsto, o time brasileiro atacou e foi atacado. Poderia ter vencido, mas perdeu. Este não tem sido o roteiro recente das participações sul-americanas no torneio organizado pela Fifa.
De 2013 a 2018, três vezes o representante da Conmebol caiu ainda nas semifinais: Atlético-MG em 2013, Atlético Nacional (COL) em 2016 e River Plate (ARG) em 2018.
“Tratou-se de um teste para uma equipe que não está na Europa. Foi mostrado que uma boa organização tática, com jogadores de qualidade —há jogadores de qualidade no Brasil— pode fazer um grande time. O Flamengo fez uma partida extraordinária”, elogiou o técnico rubro-negro.
O Liverpool venceu porque desgasta os seus adversários e, quando chegou a prorrogação após os 90 minutos de 0 a 0, o time inglês estava em melhores condições. Atuava da mesma maneira desde o primeiro segundo: com pressão na saída de bola, triangulações e avanços pelo meio ou lançamentos longos para a velocidade de Salah ou Mané.
Os cerca de 10 mil flamenguistas eram os mais ouvidos no Khalifa International Stadium, mesmo não sendo a maioria entre os 45 mil pagantes. A torcida brasileira era composta por um público acostumado a ir a estádios e com as músicas dedicadas ao clube. Os fãs do Liverpool em Doha eram locais que vibravam apenas nos ataques ou nos bons momentos da equipe e de forma esparsa.
Jesus percebeu, após o tempo normal, que o Flamengo caía de rendimento e o adversário estava melhor. Preparou a entrada de Piris da Motta para ajudar na marcação no meio-campo. Mas quando o volante estava pronto para entrar, Mané viu Firmino entrar sozinho na área e rolou para o atacante brasileiro abrir o placar. O paraguaio voltou para o banco de reservas porque a necessidade passou a ser atacar.
As melhores chances da partida foram do Liverpool, especialmente nos primeiros cinco minutos de cada tempo. Com o passar dos minutos, mais e mais o Flamengo entrava na partida e igualava o que o campeão europeu fazia. Os avanços de Keita e Henderson abriam espaços que eram explorados. Se Gabriel não conseguia superar o zagueiro Virgil van Dijk, Joe Gomez parecia ser o caminho das pedras para os flamenguistas.