O ex-senador e ex-ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (MDB-MA) foi denunciado pela Lava Jato como suspeito de receber propinas nas obras da Usina Nuclear de Angra 3. Junto com Lobão também foi denunciado o ex-senador Romero Jucá ((MDB-RR). As vantagens indevidas obtidas pelos dois senadores, somadas, chegam a R$ 9,2 milhões e R$ 1,3 milhão, respectivamente.
As duas denúncias são fruto das operações Radioatividade, Pripyat, Irmandade e Descontaminação, que apuraram crimes nas obras e contratos de Angra 3. As investigações contra os parlamentares foram enviadas para a primeira instância após Lobão e Jucá perderem o foro privilegiado, no início de 2019.
Conforme a força-tarefa, o MDB influenciou a escolha de Othon Luiz Pinheiro da Silva à presidência da Eletronuclear, responsável pela usina, e a partir de 2006 – durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – se iniciou um esquema de propinas para garantir a retomada das obras de Angra 3. As intervenções na usina nuclear estavam travadas há mais de 20 anos.
As vantagens indevidas, de acordo com a denúncia, se tratavam de um “custo político’ pago pela Andrade Gutierrez aos parlamentares para a retomada das obras de Angra 3. As acusações tiveram como base as delações firmadas por executivos da empreiteira. “Tal indicação (de Othon Luiz Pinheiro da Silva) no cargo se deu, portanto, em razão de sua atuação para beneficiar o grupo criminoso formado por caciques do PMDB, dentre eles Edison Lobão e Romero Jucá, que receberam valores indevidos em razão da retomada das obras de Angra 3”, acusaram os procuradores.
A Lava Jato afirma que, entre 2012 e 2014, Edison Lobão recebeu R$ 9,2 milhões de propinas da Andrade Gutierrez. À época, o ex-senador era Ministro de Minas e Energia do governo Dilma Rousseff (PT). O filho do exparlamentar, Márcio Lobão, foi indicado como um dos operadores do esquema.
Em relação a Romero Jucá, os procuradores afirmam na denúncia que o ex-senador recebeu R$ 1,3 milhão em quatro ocasiões – duas vezes em 2008 e outras duas em 2012 – em razão do cargo que ocupava. Jucá era, à época, líder do governo Dilma Rousseff no Senado.
Histórico. O contrato para construção de Angra começou em junho de 1984 com a Andrade Gutierrez, mas foi suspenso em abril de 1986. Vinte anos depois, o Conselho Nacional de Políticas Energéticas determinou a retomada das obras, que levou à renegociação do contrato firmado com a empreiteira, incluindo aditivos para recuperação de áreas degradadas. A retomada oficial das obras foi firmado em setembro de 2009.
Com texto do Estadão