O ex-presidente Lula chegou ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, por volta das 8h30 deste sábado, 2. O petista deixou Curitiba, onde está preso na Operação Lava Jato, para comparecer ao velório do neto Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, que morreu na sexta-feira, 1, vítima de meningite meningocócica.
Do aeroporto de Congonhas, Lula vai embarcar em outro helicóptero da PF em direção a São Bernardo. A cremação de Arthur está marcada para 12h no cemitério Parque da Colina, onde também foi cremada a avó do garoto, Marisa Letícia, morta em 2017.
A Polícia Militar de São Paulo fez um esquema especial de segurança antes da chegada do ex-presidente ao velório do neto. Ao todo, seis PMs armados estão na capela onde o corpo do menino está vendo velado. Além disso, mais de dez viaturas estão no entorno do local e uma barreira feita na entrada do cemitério causou incômodo a família de Lula.
Durante a noite de ontem e a madrugada de hoje parentes, amigos da família e aliados de Lula estiveram no local para prestar solidariedade à família. Entre eles a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, os ex-ministros Alexandre Padilha, Gilberto Carvalho e Paulo Vannuchi, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto e o médido Roberto Kallil Filho. Hoje de manhã chegaram o deputado estadual Emido de Souza e o advogado Marco Aurélio Carvalho.
O clima no velório era de profunda tristeza. Sandro, filho caçula de Lula e pai de Arthur, chorava em uma cadeira ao lado do caixão branco do garoto sob o qual foram postos um par de chuteiras e uma bola de futebol.
Lula deixou a Superintendência da Polícia Federal, na capital paranaense por volta das 7h em um helicóptero. A aeronave levou o ex-presidente ao aeroporto do Bacacheri, onde o petista embarcou em um avião para São Paulo.
A juíza Carolina Lebbos, da 12.ª Vara Federal, autorizou na sexta-feira, 1.º, que o ex-presidente fosse à cerimônia do neto. Após o pedido da defesa, o processo em que corre a Execução Penal de Lula entrou em sigilo.
Carolina autorizou a participação de Lula no velório, mas ordenou o sigilo sobre os detalhes do deslocamento “a fim de preservar a intimidade da família e garantir não apenas a integridade do preso, mas a segurança pública”. A força-tarefa da Lava Jato havia se manifestado de forma favorável à ida do ex-presidente ao velório.
Lula chegou a São Paulo em um avião oficial do governo do Paraná. Em nota, na sexta, o governador Ratinho Jr. (PSD) informou que atendeu a um pedido da Polícia Federal.
“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguirá para São Paulo em avião do governo do Paraná. A aeronave foi liberada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, atendendo a pedido da superintendência da Polícia Federal no Paraná”, informou o governo.
O menino de 7 anos era um dos netos mais próximos do ex-presidente. Era de Arthur um tablet apreendido pela PF durante a busca e apreensão nas casa de Lula em 2016. Além da preocupação com Sandro, seu filho, Lula lamentou por Marlene, mãe de Arthur. Depois da morte de Marisa Letícia, em 2017, Marlene ajudou a preencher o espaço criado pela ausência da ex-primeira-dama. Ela e Sandro dormiam com frequência no apartamento de Lula e tentavam manter a proximidade do avô com os netos.
Descrita por petistas como uma “mulher de grande iniciativa” cujo temperamento forte contrastava com a introspecção de Sandro, Marlene dava ordens na casa e no entorno do presidente. No dia que antecedeu a prisão de Lula, por exemplo, era ela quem tirava o ex-presidente das rodas políticas e o levava para perto da família. Ela aparece conversando com Marisa Letícia sobre assuntos domésticos em um grampo divulgado pela Lava Jato.
O ex-presidente está preso desde 7 de abril do ano passado na Polícia Federal, em Curitiba, alvo da Lava Jato. O petista foi condenado no caso triplex por corrupção e lavagem de dinheiro a uma pena de 12 anos e um mês de reclusão.
O Estadão