Morreu neste sábado o apresentador Larry King, um ícone de TV americana. Ele tinha 87 anos e vinha lutando contra a Covid-19. King calculava ter entrevistado mais de 50 mil pessoas em sua carreira, desde presidentes de grandes nações (nos Estados Unidos, todos desde Richard Nixon) a especialistas em alienígenas.
King estava internado desde o começo do ano, após contrair a Covid-19. O estado dele era considerado grave, e o apresentador não podia receber visitas no hospital. A causa oficial da morte não foi anunciada.
Com mais de seis décadas de carreira como comunicador, King apresentou o programa de entrevista “Larry King live” por 25 anos na CNN.
“Por 63 anos e passando pelas plataformas de rádio, televisão e mídia digital, as milhares de entrevistas, prêmios e reconhecimento global de Larry ficam como um comprovante de seu talento único e duradouro como comunicador”, reforça o comunicado oficial.
Um especialista em conversas
Nas mais de 50 mil entrevistas feitas ao longo da carreira, Larry King conversou com presidentes e mediuns, astros de cinema e criminosos. Basicamente qualquer tipo de pessoa com uma história para contar ou um argumento para provar.
Filho de imigrantes europeus, Larry King cresceu no Brooklyn e nunca fez uma faculdade. Ele começou a carreira como entrevistador e narrador esportivo numa rádio local da Flórida nas décadas de 1950 e 1960, ganhou fama nacional ao comandar um programa noturno de conversas transmitido de costa a costa, e entre 1985 e 2010 foi o âncora do programa mais longevo e popular da CNN, alcançando milhões de espectadores nos Estados Unidos e ao redor do mundo.
King poderia ter sido um convidado fascinante de seu próprio programa: o entregador de comida que virou uma das personalidades mais famosas da TV e rádio dos EUA, um colunista de jornal, autor de diversos livros e ator em dezenas de filmes e séries de TV, quase sempre como ele mesmo.
Sua vida pessoal era daquelas que os tabloides de supermercados adoram: casado oito vezes com sete mulheres; um apostador crônico que declarou falência duas vezes; preso sob uma acusação de fraude que atrapalhou sua carreira por ano; e uma série de polêmicas que nunca superaram seu sucesso, marcado também pelas interjeições em entrevistas com celebridade — “Ótimo!”, “Formidável!”, “Puxa vida…”.
Ele não fazia questão de ser jornalista, apesar de seu programa ter feito jornalismo em diversas ocasiões, como quando Ross Perot anunciou sua candidatura à presidência lá em 1992. E King não era de confrontos, ele raramente fazia, muito menos a políticos ou legisladores, perguntas difíceis ou técnicas, preferindo estímulos suaves para fazer os convidados dizerem coisas interessantes sobre si mesmos.