Por Télio Navega — Rio de Janeiro
Cineasta, músico e roteirista de quadrinhos, ou melhor, banda desenhada, como eles são chamados em Portugal, Filipe Melo lança nesta sexta, às 18h, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, com direito a palestra, “Balada para Sophie”, produzido com o ilustrador argentino, e parceiro habitual, Juan Cavia.
Com quatro indicações ao prêmio Eisner deste ano, a HQ tem como protagonista um velho pianista misantropo que recebe a visita de uma jovem jornalista disposta a entrevistá-lo. Mesmo relutante, o amargo músico resolve abrir seu baú de memórias.
Em entrevista por e-mail, Melo diz que seu livro é sobre música, algo que ele estudou por toda a vida, inclusive no Berklee College of Music, em Boston.
— Nunca sei bem como surgem as ideias — conta o multitalentoso lisboeta, de 44 anos. — Queria muito fazer uma HQ que pudesse transmitir as emoções não verbais que a música transmite.
Pianista assim como o personagem de “Balada para Sophie”, Melo não resistiu a somente escrever o roteiro e também criou uma música homônima, disponível em players do gênero. Ele revela que a composição surgiu poucos dias antes de o livro ir para a gráfica:
— Eu estava com medo de escrever a música porque pensei que qualquer uma que os leitores imaginassem seria melhor do que a que escrevi — explica o compositor. — Mas o meu amigo Juan Cavia insistiu, disse que quem soubesse tocar piano poderia experimentar, criando uma relação mais próxima com o livro e a história.
— Recebo algumas versões da música tocada pelos leitores, e sempre fico muito comovido e grato.
Melo retorna à Bienal no sábado, às 13h30, para um encontro com a cartunista Laerte Coutinho na mesa “Com quantos quadrinhos se faz o mundo?”.
— Obviamente, sou um enorme fã da Laerte, que tem uma mente maior do que o mundo — revela o autor português. — Diria mesmo que é uma das pessoas com quem eu mais gostaria de conversar e aprender.
“Balada para Sophie”
Autores: Filipe Melo e Juan Cavia. Editora: Pipoca & Nanquim. Páginas: 324. Preço: R$ 99,90.