Upaon-Açu, a grande ilha de São Luís do passado no carnaval lem bra os seus primeiros habitantes que se espalhavam pelo litoral e interior do Maranhão. As tribos de índios é uma brincadeira peculiar da festa de Momo no Maranhão. A programação do desfile de agremiações na Passarela Chico Coimbra , no Anel Viário, neste sábado (2) tem início às 16 horas com apresentação da tribo de índio Sioux. Seis tribos desfilam na passarela no segundo dia de programação no espaço que é coordenado pela Secretaria Municipal de Cultura, Secult.
Oficialmente até o início dos anos 2000 eram cadastradas 13 tribos de índios que se apresentavam exclusivamente no período de carnaval. Os grupos não participam do concurso oficial de passarela, mesmo assim desfilam para o público das arquibancadas.
A Sioux de seu Beto é a tribo mais antiga no carnaval maranhense. Participa do carnaval há mais de meio século. Por ela passou Zé Ilha (Ver Box). Depois dela vieram outras até a Guarany, criada em 1978. Houve época, na era de ouro do carnaval maranhense, em que 42 tribos de índios desfilavam durante o carnaval pela cidade.
História
Lá pela metade do século passado existiam os Kanelas, Ka´apos, Krikatis, Kre Pym Kateyes, Guajás, Guajajaras, Gaviões PukoPorés, Tembés e Timbiras. Tudo índio de verdade, vivendo em reservas ou habitando pequenas cidades do Maranhão amazônico. Algumas dessas tribos resistem ao tempo e à dizimação. Das tribos às tribos de índios do carnaval mudaram o sotaque e o batuque.
Há registro que contam que: em 1947 apareceram as primeiras tribos de índios no carnaval de São Luís. No começo acompanhavam a ‘Casinha da roça’ (alegoria de rua do carnaval de São Luís), como parte de um quadro carnavalesco descritivo do universo rural. Depois passaram a ser mais um solo dos espetáculos carnavalescos.
No carnaval de antigamente em São Luís, as tribos tinham nome que se pronunciava com sotaque americano. Eram Sioux, Apaches, Comanches, Os Pawnes e outras mais inspiradas nas legendas do repertório de filmes faroeste exibidos nos cinemas em São Luís. Mais tarde esses tiveram os corpos enterrados na curva de um rio, como no título do clássico do escritor norte-americano Dee Brown. Emissoras de rádio, como a oficial Timbiras, organizavam tribos com participação de ouvintes e da comunidade até a década de 60.
Hoje eles são Tapiaca-Uhu, Tupinambá, Itapoã, Curumim, Guarani, Tupinambá, Carajás, Kamayurá, Guajajaras,Upaon-Açu, antigo nome que os timbiras davam à grande ilha do Maranhão antes de aportarem no lugar os papagaios amarelo (ajurijubas), que era como os índios chamavam os franceses; e depois os portugueses e holandeses.
Brincadeira
Vestidos com fantasias que fazem referências às tangas e outras peça usadas pelo aborígenes, os brincantes reproduzem nas apresentações os rituais de dança da chuva, do fogo e outras manifestações primitivas. Com lanças, flechas e outros adereços de mão, quase todas as tribos de índios abrem suas apresentações, invocando os espíritos da mata. Num ritual de pagelança estilizado não faltam fogos coloridos e característicos sons emitidos pela boca, tal qual os índios das produções cinematográfica hollywoodianas.
A dança circular acontece em torno de um tronco, à maneira realizada pelos aborígenes em parte do globo terrestre. A batida sincopada dos tambores grandes e retintas é contagiante. Em média os grupos participam da programação carnavalesca com cerca de 60 pessoas, a maioria crianças e adolescentes, mulheres e homens.
Zé Ilha, o cacique folião
José Ribamar Alves, o cacique Zé Ilha, reservou mais de 50 de sua vida para se dedicar à brincadeira carnavalesca. Falar em tribo de índios hoje em São Luís e não citar Zé Ilha, é cometer um equívoco. Ele resistiu durante anos a fiom, mantendo do próprio bolso a brincadeira tal qual os índios de verdade ameaçada de extinção.
Nascido em São Bento, na Baixada Maranhense, Zé Ilha foi professor de natação do Casino Maranhense, halterofilista e lutador de luta livre até se aposentar.
Na década de 70, Zé Ilha se mudou para a zona portuária da cidade. Na área do Itaqui-Bacanga gerou outras tribos. Com a saúde debilitada o carnavalesco embora fique distante do carnaval em 2012 será lembrado como símbolo da resistência. Embora afastado ele estará presente no carmnaval de 2012 com a tribo de índios Guarany. Para dar prosseguimento à tradição passou o bastão para o filho, Júnior Alves, da Tribo Tupiniquins, no carnaval desde 1998.
Programação da Passarela Chico Coimbra:
Desfile das Tribos de Índio
18h00 às 18h10 – Sioux
18h12 às 18h22 – Tupinambá
18h24 às 18h34 – Guarani
18h36 às 18h46 – Upaon Açu
18h48 às 18h58 – Itapoã
19h00 às 19h10 – Carajás
Desfile dos Blocos Tradicionais do Grupo A
20h00 às 20h20 – APAE (não concorre)
20h25 às 20h45 – Os Gladiadores
20h50 às 21h10 – Os Baratas
21h15 às 21h35 – Os Guerreiros do Ritmo
21h40 às 22h00 – Kambalacho do Ritmo
22h05 às 22h25 – Príncipe de Roma
22h30 às 22h50 – Os Feras
22h55 às 23h15 – Os Curingas
23h20 às 23h40 – Reis da Liberdade
23h45 às 00h05 – Os Vampiros
00h10 às 00h30 – Os Brasinhas
00h35 às 00h55 – Tropicais do Ritmo
01h00 às 01h20 – Os Foliões
01h25 às 01h45 – Originais do Ritmo
01h50 às 02h10 – Os Apaixonados
02h15 às 02h35 – Os Tremendões