O presidente da Câmara Municipal de Jucás, cidade no Ceará a cerca de 394 km de Fortaleza, o vereador Eúde Lucas (PDT), disse nesta quarta-feira, 20, em tom de deboche, que o autismo poderia ser curado com violência física e que, em seu tempo, “tirava autista na chibata”.
“Pela declaração que os artistas, os autores, sei lá, tá rondando. Eu digo que eu acho que eu era autista, só que o meu pai tirou o autista na peia. No meio tempo tirava o autista era na chibata. Porque eu era um menino meio traquino”, declarou.
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O vereador Eúde Lucas (PDT), presidente da Câmara Municipal de Jucás, no Interior cearense, disse que, em seu tempo, “tirava o autista era na chibata”. Fala foi repudiada.
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O vereador falava sobre uma entrevista ao programa Fantástico veiculada no último domingo, 16, em que a atriz Letícia Sabatella falou sobre o seu diagnóstico tardio do transtorno, aos 52 anos. Em nota, Eúdes disse que assistiu à entrevista e se identificou como autista, e falou sobre como era tratado “pela falta de diagnóstico”.
O parlamentar alegou ser o vereador que mais apresentou projetos de lei em favor do autismo no Município de Jucás. De acordo com ele, por “compreender e abraçar esta causa”. Eúdes diz que não teve a intenção de ofender e foi mal interpretado.
“Jamais tive a intenção de ofender e peço perdão se me expressei de maneira equivocada, lamento profundamente que tenha sido mal interpretado. Reitero aqui o meu compromisso de continuar apresentando projetos e lutando pelos autistas e por todos aqueles que precisam”, finalizou.
Fala de vereador sobre autismo gera revolta
Após a declaração de Eúdes, parlamentares cearenses se manifestaram com indignação e repudiaram a fala. O deputado estadual Felipe Mota (União Brasil) disse ser inadmissível alguém que representa um município dizer algo do tipo, e propôs uma moção de repúdio na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece). “Que ele faça uma reflexão”.
O vereador de Fortaleza, Márcio Martins (Pros), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa Autista da Câmara Municipal da capital, disse que irá recolher assinaturas para apresentar uma manifestação formal de repúdio contra a fala de Eúdes.
“Não é só um ato desumano, é um ato criminoso. E se os seus pares honrarem a Câmara Municipal de Jucás, eles entram hoje mesmo no Conselho de Ética para pedir a cassação do seu mandato. Os vereadores de Jucás que não tomarem atitude vão ser coniventes, vão ser cúmplices, lenientes, com esse absurdo, com esse ato de desumanidade e criminoso”, afirmou Martins.