Durante um longo período São Luís guardou vestígios da Inconfidência Mineira. Foram os restos mortais do delator Joaquim Silvério dos Reis (1756-1818?), um dos principais personagens do episódio da história que destacou Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier), depositados em uma urna que ocupou parte da nave da Igreja de São João Batista, no centro histórico da cidade.
O português Joaquim Silvério dos Reis Montenegro Leiria Grutes era casado com Bernardina Quitéria de Oliveira Belo, com raízes familiares no Maranhão. Era tia do Duque de Caxias .Silvério dos Reis entregou ex-aliados da Inconfidência Mineira em troca do perdão de dívidas com a Coroa, conta a história.
Silvério dos Reis sofreu atentados no Brasil porque sua fama de traidor correu rápida, com o que fugiu para Lisboa, voltando ao Brasil em 1808. Era comandante do Regimento de Cavalaria Auxiliar de Borda do Campo, em Minas, fazendeiro, minerador e contratador de impostos (comprara em leilão o direito de arrecadar certos tributos).
Tiradentes estava no Rio de Janeiro quando a tentativa de levante foi esmagada pela Coroa Portuguesa. Sabendo de todos os meandros da questão, Silvério dos Reis foi ao encontro dele, a mando do vice-rei. Sem desconfiar de nada, embora espionado, o alferes decide voltar a Minas e antes se esconde na casa de um amigo na Rua dos Latoeiros, hoje Gonçalves Dias, no Centro da capital fluminense.
Tiradentes era dono de escravos, tinha uma vida sexual ativa, vivia como alguém da sua época. Não era santo. Entre os inconfidentes haviam alguns metidos em contrabando de ouro e pedras preciosas .O movimento é abortado em 1789 e Tiradentes, enforcado três anos depois.
Sobre a história do túmulo de Silvério dos Reis localizado no ossuário à esquerda da entrada da igreja de São João, e a de que foi destruído com as sucessivas reformas pelas quais a construção passou, o professor MAnoel de Jesus Martins, da Universidade Federal do Maranhão considera que seja provável pelo fato de que a Igreja possa ter precisado de espaço e que por isso tenha sido realocado. Mas também não tem conhecimento de para onde ele possa ter ido.
Segundo historiadores, na década de 1970, na gestão do bispo Dom João Mota (1964-1984), o mesmo teria mandado os restos mortais de Silvério dos Reis para Minas, e que nem mesmo teria morrido em São Luís, e sim, em Recife.