“Às 13h15 de hoje, a mina 18 sofreu um rompimento, no trecho da lagoa próximo ao Mutange. Estarei em instantes sobrevoando a área com os nossos técnicos”, publicou o prefeito de Maceió (AL). O risco de colapso da mina 18 da Braskem se conformou com o rompimento neste domingo, 10 de dezembro, com reflexo na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, próxima ao antigo Centro de Treinamento do Centro Sportivo Alagoano (CSA), clube de futebol local.
A dimensão dos danos ainda não foi mensurada pelas autoridades. “A Defesa Civil de Maceió ressalta que a mina e todo o seu entorno estão desocupados e não há qualquer risco para as pessoas. Novas informações sobre o assunto estão sendo obtidas e serão compartilhadas assim que possível”, afirmou o prefeito.
O deputado federal alagoano e presidente da Câmara, Arhur Lira, encontra-se participando da COP 28 em Dubai. Por meio de postagens em redes sociais Lira afirmou que está monitorando o problema minuto a minuto.
Representantes da Braskem também estão no Dubai participando da Conferência Internacional da ONU sobre as Mudanças Climáticas. A empresa foi ao encontro para divulgar ações ambientais realizadas pelo grupo. petroquímica está no pavilhão brasileiro ao lado de Vale, Petrobras e Syngenta.
O prefeito de Maceió solicitou uma reunião, em caráter de urgência, com o governador de Alagoas, Paulo Dantas, em busca de soluções com a participação do governo estadual.
Nas últimas 24 horas, o terreno havia cedido 13 centímetros. O boletim divulgado na manhã desde domingo apontou para uma pequena desaceleração no ritmo da movimentação do solo, com a velocidade caindo de 0,54 cm/h para 0,52 cm/h. Desde que o alerta de risco de colapso foi emitido, no dia 29 de novembro, o solo afundou 2,24 metros.
O poder municipal já havia recomendado que a população não transitasse na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil. O bairro já havia sido desocupado por conta do risco de desabamento.
A Prefeitura de Maceió tem distribuído mil cestas básicas para os 500 pescadores e marisqueiras cadastrados na Colônia Z4, de Bebedouro, que foram afetados pela restrição de pesca na Lagoa Mundaú.
A situação era considerada “estável” até que em 30 de novembro deste ano, após novos tremores serem sentidos na região, a Defesa Civil decretou estado de emergência para o possível colapso.
A instabilidade do solo foi causada pela extração de sal-gema, cloreto de sódio utilizado na produção de soda cáustica e policloreto de vinila (PVC), pela petroquímica Braskem até 2019. Outros bairros também sofrem com o problema e tiveram casas abandonadas. Pesquisadores alertam sobre o risco de desabamento desde 2010.
Em cinco anos, desde que surgiram as rachaduras mais evidentes em casas e nas ruas por causa da mineração, mais de 14 mil imóveis tiveram que ser evacuados em cinco bairros, afetando cerca de 60 mil pessoas.
O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas multou a Braskem em mais de R$ 72 milhões diante dos danos causados ao bairro de Mutange. A empresa já recebeu 20 autuações desde 2018. Uma CPI sobre a atuação da Braskem, para apurar impactos da extração de sal-gema em Maceió, será instalada na terça, 12, no Senado.