Fernando Diniz merece celebrar a liderança do Campeonato Brasileiro. Um dos técnicos há mais tempo no cargo no País, nesta quinta-feira, 3, ele comandou o São Paulo na vitória por 3 a 0 em cima do Goiás, em Goiânia, e viu o clube chegar aos 44 pontos na tabela, dois a mais que o vice-líder Atlético-MG, com um jogo a menos. Diniz sempre viveu sob olhares de desconfiança da torcida e de parte da própria diretoria. Apoiado quase que exclusivamente pelo diretor Raí, o treinador colhe os frutos do seu trabalho, que várias vezes na temporada esteve a ponto de ser interrompido por uma demissão.
Diniz amadureceu nos últimos meses e criou casca. Se antes a equipe insistia em sair jogando dentro da sua área, mesmo quando sua defesa era pressionada, agora o time parece encontrado um ponto de equilíbrio entre o chutão e o toque de bola, necessário para qualquer time que tenha em mente a conquista de um título.
Durante a temporada, no momento de maior pressão (após a eliminação no Paulistão, com derrota para o Mirassol, no Morumbi), o técnico trocou a defesa e apostou em Brener como principal atacante. Aos poucos, o time encorpou. Ganhou ainda mais força após vencer o então favorito a todos os títulos do ano, o Flamengo. No Maracanã, em dia de exibição de gala, fez 4 a 1 pelo Brasileirão e mostrou que poderia chegar à liderança.
Ontem, a missão não era das mais difíceis quando a análise é em cima do adversário. O Goiás está fadado ao rebaixamento à Série B. Após o jogo, Brenner, autor do segundo gol do time, deu o tom dos próximos jogos. “Vamos procurar manter a liderança e quem sabe abrir vantagem. Não tem nada ganho, precisamos manter, melhorar a cada jogo”, afirmou o jogador.
O goleiro Tiago Volpi foi outro que pediu “pés no chão”. “Não tem nada ganho. Chegamos à liderança, mas precisamos trabalhar para nos mantermos no topo”, disse.
Muito bem entrosado e muito bem distribuído em campo, o time de Diniz começa a ganhar confiança para buscar a taça e encerrar o incômodo jejum de títulos do clube. A experiência dos mais rodados e a juventude dos garotos da base (os chamados Made in Cotia) deu liga.
Marcando o rival no campo de ataque, o São Paulo começou o jogo empurrando os goianos para a sua própria área. Aos poucos, os donos de casa começaram a errar. Aos 19, o primeiro gol do jogo saiu. Em boa recuperação no campo de ataque, a bola sobrou para Igor Gomes que, livre na entrada da área, teve tempo para dominar, ajeitar e
chutar forte no canto direito do goleiro Tadeu.
O gol e a fragilidade do adversário, por incrível que pareça, fizeram mal ao São Paulo e esse é um dos problemas do time de Diniz. A equipe poderia ter acelerado para tentar definir o resultado ainda na primeira etapa, mas optou por um futebol burocrático e pouco inspirado.
O intervalo fez muito bem ao São Paulo. O time voltou com ânimo renovado e logo aos três minutos ampliou o placar após linda triangulação entre Luciano, Gabriel Sara e finalização precisa de Brenner – foi o 18.º gol do atacante em 31 jogos na temporada.
O São Paulo, desta vez, não desacelerou. Perdeu alguns gols, mas chegou ao terceiro aos 37. Vitor Bueno entrou na área com a bola, tocou para Tchê Tchê, que rolou para Hernandes tocar na saída de Tadeu.
Fernando Diniz mereceu chegar à liderança do Campeonato Brasileiro. Agora, resta saber se ele também vai merecer continuar com o time no topo da tabela e conquistar o título.