Morreu o cantor e compositor jamaicano Jimmy Cliff, um dos maiores nomes da história do reggae, aos 81 anos. A informação foi confirmada num texto publicado no perfil oficial do artista no Instagram, assinado por Latifa, sua esposa. Segundo o post, Cliff morreu após sofrer uma convulsão seguida de pneumonia.
“É com profunda tristeza que compartilho que meu marido, Jimmy Cliff, partiu após uma convulsão seguida de pneumonia”, escreveu Latifa. “Agradeço à família, amigos, artistas e colegas que dividiram essa jornada com ele. Aos fãs ao redor do mundo, saibam que o apoio de vocês foi sua força durante toda a carreira. Ele valorizava profundamente o amor de cada um.”
Lenda do reggae
Conhecido mundialmente por clássicos como “The harder they Come”, “You can get It if you really want” e “Many rivers to cross”, Jimmy Cliff foi um dos pilares do reggae e do ska jamaicano. Nascido em Saint James, na Jamaica, começou na música muito cedo, cantando em feiras e festas da cidade. Mudou-se para a capital Kingston, aos 14 anos, para se dedicar à carreira de artista.
Ganhou projeção local com hits como “Hurricane Hattie”, “King of kings”, “Dearest Beverley”, “Miss Jamaica”, e “Pride and passion”. Antes de se mudar para a Inglaterra, aos 20 anos, em 1964, assinou com a lendária gravadora Island Records, que também tinha no seu catálogo nomes fortes do reggae como Bob Marley e Toots and the Maytals. Seu primeiro disco foi “Hard road to travel”, lançado em 1967.
A morte ocorre poucos anos depois de ele ter lançado “Human touch”, seu último single, marcado por um retorno ao reggae dos anos 1960 e por reflexões sobre a solidão em tempos de pandemia.
Conexão com o Brasil
Ao longo de sua trajetória, Jimmy Cliff teve forte ligação com o Brasil. Em 1968, ele veio ao Rio de Janeiro para o Festival Internacional da Canção, no Maracanãzinho, onde cantou “Waterfall”. Foi aqui que ele compôs, em 1969, “Wonderful world, beautiful people”, considerada uma das primeiras faixas de reggae que ficaram conhecidas fora da Jamaica, entrando nas paradas dos Estados Unidos. No mesmo ano, gravou o LP “Jimmy Cliff in Brazil”, cujo encarte o mostra diante da Praia de Botafogo.
Durante os anos 1980, Cliff esteve tantas vezes no país que virou figura folclórica por aqui. Em 1980, Cliff recebeu, momentos antes de subir ao palco ao lado de Gilberto Gil, a notícia da morte do pai. Mesmo devastado, decidiu cantar:
— Veio uma energia muito forte aquela noite. Consegui me ouvir cantando com uma força que nunca tinha sentido.
Em 1984, gravou nas praias do Rio o clipe de “We all are one”, dirigido por Tizuka Yamasaki. Sua filha Nabiyah Be, fruto do seu relacionamento com a psicóloga Sônia Gomes da Silva, nasceu em Salvador, em 1992. Be se tornaria uma estrela do cinema, anos depois, tendo estrelado o filme “Pantera Negra”, da Marvel, feito que deixava Cliff orgulhoso.
Já nos anos 1990, Jimmy Cliff participou do disco “Acústico MTV”, dos Titãs, revisitando seu clássico “The harder they come”, que virou “Querem meu sangue” na versão brasileira.


