Uma das voçorocas do município de Buriticupu engoliu uma casa no bairro Vila Isaías, na noite desta terça-feira, 6 de maio. Não houve vítimas. Segundo o Corpo de Bombeiros do município o caso aconteceu após deslizamento de terra. Os moradores haviam desocupado o imóvel.
Nos últimos dias, 27 famílias foram retiradas de suas residências por ameaça de deslizamento. Outras 200 correm o risco de perderem suas residências por causa das voçorocas.
Pesquisadores afirmar que mais de 50 casas foram tragadas pelas voçorocas nos duas últimas décadas. Ao menos cinco pessoas morreram depois de despencar nos precipícios que alcançam até 80 metros.
No começa do semana passada, um veículo conduzido por um tenente coronel aposentado despencou na voçoroca. Embora sem risco de morte, José Ribamar Nascimento foi transferido para o Hospital do Servidor esta semana onde permanece internado.
Problema antigo
Em março, a Defesa Civil Nacional esteve em Buriticupu avaliando a situação. Na época, foi decretado estado de calamidade pública. O Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional se comprometeu em ajudar a resolver o problema.
As voçorocas são o nome científico do fenômeno erosivo que atinge o lençol freático e Buriticupu tem uma das maiores concentrações do fenômeno no país. Na cidade de Buriticupu são 26 crateras que avançam há pelo menos 30 anos.
De acordo com Marcelino Silva Farias, professor do departamento de Geociência da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e doutorando em ciência do solo, a universidade alertou as autoridades, por meio da publicação de artigos em revistas, sobre o problema. Para ele, faltou planejamento no modelo de urbanização e ação para combater o avanço das crateras em Buriticupu.
“Poderia ter sido feito, antes que eles surgissem, deveria ter tido um planejamento adequado para a cidade. E posteriormente um planejamento adequado para a cidade. Surgiu um problema, vamos conter”, afirma o professor.
Desde 2012, o professor acompanha a situação das voçorocas e afirma que as chuvas concentradas, o relevo da área e a presença do ser humano, são alguns dos fatores que contribuem para a aceleração do fenômeno.
“O relevo, o solo, os vale que estão sendo formados, as chuvas concentradas que estão sendo formadas, que condicionam esses processos naturalmente. Só que esses processos são acelerados pela presença do ser humano, aí entra a questão do planejamento urbano ou a falta dele, entra também as cidades construídas em locais inadequados, entra também o sistema de pavimentação sem esgotamento sem escoamento adequado”, explica.
A lavradora Maria Antônia Costa perdeu um filho que morreu ao cair em uma das crateras. No dia da tragédia, toda a área estava encoberta por água, inclusive as calçadas que têm cerca de 1,5 metro. Maria Antônia conta que o filho da lavradora foi arrastado cerca de 150 metros até a cratera e acabou caindo no abismo.
Além de Buriticupu as voçorocas estão presentes em Bom Jesus das Selvas, distante 465 km de São Luís, onde muitas casas desabaram com as erosões e outras foram abandonadas pelos moradores.